Oncologia

Investigadores da Mayo Clinic combinam células CAR-T com vírus oncolíticos para tratar tumores sólidos

Investigadores do Centro de Medicina Individualizada da Mayo Clinic criaram uma técnica de imunoterapia que combina terapia de células T com recetor de antígeno quimérico, ou terapia celular CAR-T, com um vírus que mata o cancro para direcionar melhor o alvo e tratar com mais eficiência tumores sólidos.

A abordagem combinada, publicada na Science Translational Medicine, envolve o carregamento de células CAR-T, que são projetadas para procurar antígenos em células de cancro, com um vírus oncolítico. Os vírus oncolíticos são vírus que ocorrem naturalmente e que podem infetar e romper células cancerígenas. Eles reproduzem- se naturalmente neste tipo de células ou podem ser projetados para selecioná-las como alvo.

O estudo sugere que as células CAR-T podem transmitir o vírus oncolítico ao tumor. Deste modo, o vírus infiltra-se nas células do tumor e replica-se até rompê-las e estimular uma resposta imune potente. 

“Essa abordagem permite que o tumor seja morto pelo vírus e pelas células CAR-T”, explica Richard Vile, colíder do Programa de Terapia de Genes e Vírus do Centro de Cancro da Mayo Clinic e Professor da Richard M. Schulze Family Foundation. “Além disso, quando o vírus é transmitido, ele transforma o tumor em um ambiente muito inflamado, e então o próprio sistema imune começa a atacá-lo”.

A estratégia terapêutica aborda dois desafios principais que tornam tumores sólidos difíceis de tratar somente com a terapia celular CAR-T. Primeiro, o vírus oncolítico pode quebrar a proteção molecular que alguns tumores sólidos usam para evitar o ataque do sistema imunológico. E segundo, o vírus pode invadir o núcleo das células de cancro, algo quase impossível para as células do sistema imune, que frequentemente perdem seu poder durante a tentativa.

Os investigadores também descobriram que a abordagem combinada oferece um fenótipo de memória imune contra o tumor.

“Ao colocar o vírus na CAR-T, nós as ativamos contra o vírus e o tumor e eles adquirem memória imunológica”, diz Vile. “Isso permite-nos dar um estímulo com o vírus em um momento posterior, o que em retorno faz com que as células CAR-T se reativem e realizem rodadas adicionais para matar o tumor”.

Usando modelos de ratinhos, o investigador e sua equipa administraram a terapia dupla de maneira intravenosa para tratar glioma de alto grau em pacientes adultos e pediátricos, assim como melanoma na pele. Eles descobriram que a terapia combinada levou a altas taxas de cura em tumores em diversos locais sem causar toxicidade significativa. Eles também descobriram que isso resultou em uma proteção evidente em ratinhos já curados contra a reincidência do tumor.

“Clinicamente, administrar a terapia de maneira sistemática é uma vantagem em potencial porque é possível tratar pacientes com doença metastática sem ter que injetar em cada tumor”, explica o investigador. 

Em seguida, Vile destaca a importância de ter cautela sobre quão bem os estudos em modelos de animais serão traduzidos em tratamentos para os pacientes com cancro.

“Entretanto, temos esperança de que seremos capazes de transformar essa estratégia em ensaios clínicos em um ou dois anos”, diz Vile. “Ao realizar tais ensaios na Mayo Clinic, será possível ver se podemos adicionar mais um nível de eficácia à terapia celular CAR-T no tratamento de tumores sólidos de diferentes tipos”.

Fonte: 
Mayo Clinic
Nota: 
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