Investigadora da Universidade de Coimbra recebe Medalha de Honra L’Oréal Portugal

A investigadora vai receber um prémio, no valor de 15 mil euros, que visa apoiar o trabalho que tem em mãos e no qual pretende perceber se as pessoas com síndrome hereditária do cancro da mama e ovário têm maior sensibilidade à radiação ionizante a que estão expostas durante os exames de diagnóstico.
A síndrome hereditária do cancro da mama e ovário resulta de uma mutação dos genes BRCA. Quem a herda tem maior historial de cancro na família e probabilidade acrescida de vir a sofrer de cancro. Uma vez identificados, estes indivíduos são alvo de vigilância regular, nomeadamente através de técnicas de diagnóstico por imagem, mas estes exames implicam exposição a radiação ionizante.
O que Margarida Abrantes pretende perceber, com o projeto agora distinguido, é se as pessoas com síndrome hereditária do cancro da mama e ovário, e em específico as que têm mutação do gene BRCA2, poderão ter maior sensibilidade aos efeitos da radiação, comparativamente a indivíduos sem esta mutação.
A radiação ionizante está presente em várias técnicas de diagnóstico por imagem, como por exemplo nas radiografias, nas mamografias e nas tomografias computorizadas (TC), mas considera-se que realizar estes exames (quando prescritos no âmbito de rastreio ou diagnóstico) tem benefícios que se sobrepõe aos efeitos da exposição à radiação, cujas doses variam consoante o tipo de técnica e o órgão a observar. Mas será que é assim para quem tem esta síndrome hereditária?
“O que pretendo, com recurso a uma equipa multidisciplinar, é contribuir para adicionar conhecimento sobre o risco da utilização das técnicas de diagnóstico por imagem que utilizam radiação ionizante em portadores de variantes causais dos genes BRCA2 e assim também melhorar a literacia em saúde acerca da síndrome hereditária do cancro da mama e ovário”, explica a investigadora. Ao caracterizar os efeitos da radiação ionizante a que estes indivíduos portadores de mutação BRCA2 são expostos durante os exames que realizam “será possível contribuir para a otimização destes procedimentos”, conclui.
A par de Margarida Abrantes foram também distinguidas Joana Carvalho, da Fundação Champalimaud; Inês Fragata, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; e Liliana Tomé, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. As quatro investigadoras, já doutoradas e com idades entre os 28 e os 37 anos, foram selecionadas entre mais de 97 candidatas, por um júri científico presidido por Alexandre Quintanilha.
Refira-se que, em 1998, a L’Oréal e a UNESCO celebraram a parceria que deu origem ao L’Oréal-UNESCO For Women em Science. Em 2004 Portugal seguiu o exemplo com as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência que junta, à L’Oréal Portugal, a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desde a sua criação já foram distinguidas, em Portugal, 57 jovens investigadoras.