Investigação aponta células do cordão umbilical como possível opção para o tratamento da osteonecrose da cabeça do fémur
A osteonecrose caracteriza-se pela interrupção do fluxo de sangue na cabeça do fémur que leva à morte de tecido ósseo. Em última instância, o enfraquecimento da estrutura óssea pode resultar no colapso e perda da esfericidade da cabeça do fémur, provocando limitações com grande impacto na qualidade de vida.
Para evitar este cenário, intervir na fase inicial do desenvolvimento da doença é particularmente importante, e as células estaminais do tecido do cordão umbilical podem ser uma opção de tratamento a considerar, por promoverem a estabilidade da estrutura óssea e evitarem mais deterioração devida à ONCF, como demonstra o novo estudo.
Segundo os autores, estas células, administradas localmente, são capazes de sobreviver e afetar positivamente a cabeça femoral, estimulando a reparação e prevenindo a perda óssea na área necrótica.“A capacidade das células estaminais mesenquimais de promover reparação óssea, que tem sido demonstrada em muitos estudos, levou estes investigadores a avaliar o seu potencial no atraso da progressão desta doença”, explica Carla Cardoso, Diretora do Departamento de I&D da Crioestaminal.
“Os resultados deste estudo evidenciam o potencial das células do tecido do cordão umbilical no tratamento de osteonecrose da cabeça do fémur em fase inicial, sendo, no entanto, necessários mais estudos que comprovem a sua eficácia no tratamento de doentes com esta condição para que esta terapia possa vir a fazer parte das opções de tratamento”, acrescenta.
Os resultados da aplicação local destas células na cabeça femoral em modelo animal de ONCF traumática em fase inicial foram analisados quatro e oito semanas depois do tratamento. A densidade mineral óssea, o volume e a estrutura óssea estão entre os parâmetros analisados.
Após o tratamento, a estrutura da cabeça do fémur dos animais tratados mostrou uma melhoria notável em comparação com o grupo de animais não tratado com células estaminais e, quatro semanas depois, a densidade e organização do tecido ósseo eram semelhantes às do grupo de animais saudáveis.
Observou-se ainda que, no período de quatro semanas, as células estaminais do tecido do cordão umbilical melhoraram a osteogénese (formação de novo osso) e a condrogénese (formação de nova cartilagem).
No entanto, ao longo do tempo, o efeito positivo das células estaminais diminuiu, conforme observado às 8 semanas após tratamento, o que indica que as células estaminais podem, com o tempo, desaparecer do local onde são administradas. Estes resultados sugerem que poderá ser necessária a administração repetida de células estaminais para manter a sua eficácia.
Segundo os autores deste estudo, o efeito terapêutico das células do tecido do cordão umbilical resultou principalmente da ação promovida pela secreção de um grande número de moléculas com atividade biológica (citocinas), tendo os níveis destas moléculas sido semelhantes no soro dos animais às quatro e oito semanas após o tratamento com células estaminais.
Os resultados obtidos dão, assim, suporte à aplicação clínica destas células nesta doença, sendo, no entanto, necessários mais estudos para confirmar a eficácia da administração das células estaminais do tecido do cordão umbilical em ONCF.