Inquérito serológico regista um aumento da imunidade desde o início do ano

Quando comparado com a primeira fase do ISN-COVID-19 (realizado entre os meses de maio e julho 2020), existe ainda uma menor diferença entre a seroprevalência estimada e a incidência de Covid-19, “o que indica um aumento da capacidade de diagnóstico” da doença no país e que se deve, sobretudo, ao “progressivo aumento de testagem observado em Portugal nos últimos meses”.
As regiões do Algarve (7,7 %), Madeira (6,2 %) e Açores (5,8 %) e o grupo etário 70-79 (8,9 %) são as regiões e o grupo etário onde se encontraram as menores prevalências de anticorpos específicos contra-SARS-CoV-2, de acordo com o INSA. “O maior número de pessoas suscetíveis nestes grupos, contribuí para que possam ter um maior risco de infeção, sendo por isso grupos aos quais deve ser prestada especial atenção na implementação do Plano de Vacinação contra a COVID-19”, sublinha o relatório. Quanto às regiões onde foram detetados mais anticorpos, a região Norte e a região de Lisboa e Vale do Tejo lideram a tabela com 16,6% e 16,5%, respetivamente. Seguem-se as regiões Centro (15,7%) e Alentejo (15,9%). No global foi detetada uma seroprevalência nacional de 15,5%.
Os resultados agora apresentados indicam ainda a existência de uma “elevada proporção de pessoas com anticorpos especfiicos para o SARS-CoV-2 (98,5 %) e com elevadas concentrações de anticorpos (média geométrica: 8.561 UA/ml) após a segunda dose da vacina, esperando-se um aumento da imunidade à medida que se for concretizando o Plano de Vacinação, que deve ser complementado com as medidas de proteção individual e coletivas recomendadas pelas Autoridades de Saúde, dadas as atuais lacunas no conhecimento sobre duração da proteção pós vacinação”.
Observou-se ainda uma menor seroprevalência e menor concentração de anticorpos três meses após infeção ou contato com caso suspeito ou confirmado de Covid-19, “o que sugere a possibilidade de decaimento de anticorpos ao longo do tempo, cujo efeito na duração da proteção contra a infeção deve ser avaliado em estudos específicos”. Esta hipótese justifica a atual opção de vacinar as pessoas previamente infetadas por SARS-CoV-2, apesar desta diminuição e mesmo ausência de anticorpos detetáveis poderem não corresponder a uma total ausência de proteção, salienta o relatório.
Por outro lado, o documento mostra que “o risco de infeção por SARS-CoV-2 na população com idade inferior a 20 anos não parece ser inferior ao da população adulta, tendo em conta a ausência de diferenças na seroprevalência contra SARS-CoV-2 entre crianças, jovens e jovens adultos”. A diferença entre a seroprevalência estimada e a incidência de Covid-19 notificada pode ser justificada “pelo facto de nestas idades a apresentação clínica de Covid-19 poder ser mais ligeira ou a infeção mais frequentemente assintomática do que na população adulta, o que foi também encontrado neste estudo”.
Desenvolvido e coordenado pelos departamentos de Epidemiologia e de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em parceria com a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos, Associação Portuguesa de Analistas Clínicos e com 33 Unidades do Serviço Nacional de Saúde, a segunda fase do ISN COVID-19 analisou uma amostra de 8.463 pessoas residentes em Portugal, recrutadas entre 1 de fevereiro e 31 de março de 2021.