Indústria de smart health com dificuldade em entrar no mercado e em certificar produtos
Ao longo de vários meses o projeto permitiu auscultar diferentes empresas do setor para traçar, pela primeira vez, um mapa nacional sobre a indústria de smart health. A organização concluiu, por exemplo, que dois terços das empresas que desenvolvem dispositivos médicos têm dificuldades na certificação de novos produtos e a maior parte assume que o problema acontece por falta de compreensão das normas técnicas. “As causas para este entrave prendem-se com o facto de estas empresas não disporem de recursos humanos ou da formação necessária para conseguirem levar a cabo os processos de certificação, ao mesmo tempo que desenvolvem os seus produtos”, explica Eduardo Barbosa, investigador no FhP-AICOS e responsável pelo projeto.
“Consideramos que este projeto foi de grande importância para a indústria/tecido empresarial português na área dos dispositivos médicos, nomeadamente aqueles que incorporem tecnologias digitais, o que é o caso de muitas empresas portuguesas. Através das ações tomadas ao longo do projeto, foi possível adquirir uma visão holística da situação presente das empresas da área e traçar caminhos muito concretos, tanto a nível legal, como regulamentar e tecnológico, de forma a dotar as empresas de ferramentas que potenciem a criação de valor acrescentado”, continua.
Paralelamente, as informações obtidas pelo mapeamento do segmento smart health demonstram ainda que cerca de 95% do setor em Portugal é composto por micro e pequenas empresas, na sua maioria com menos de 25 colaboradores. Quanto ao volume de negócios, mais de metade apresenta um valor inferior a um milhão de euros, com os hospitais privados a encabeçarem o topo de principais clientes.
Para o FhP-AICOS, o balanço do projeto é “extremamente positivo”. Além dos cinco estudos já publicados em parceria com o HCP, o centro de investigação dinamizou workshops sobre propriedade intelectual, certificação de dispositivos médicos e importância da Inteligência Artificial. Com quase 200 participantes, estas iniciativas permitiram “aproximar as empresas portuguesas de profissionais mundialmente reconhecidos nas suas áreas, e com eles foi possível desenvolver competências que dão resposta às necessidades mais prementes das empresas”, conclui.