Estudo da ESTeSC-IPC

Idosos que praticam exercício e fazem suplementação proteica têm maior autonomia física e qualidade de vida

A prática de exercício físico e a ingestão proteica contrariam o desenvolvimento da sarcopenia – uma alteração musculo esquelética natural do envelhecimento, que resulta na perda da força, do equilíbrio e da capacidade física. Um estudo da docente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC), Helena Loureiro, mostra que os seniores que iniciam um programa moderado de exercício físico e aumentam o consumo de proteína melhoram significativamente os parâmetros associados ao desenvolvimento da sarcopenia.

Condição comum a partir da terceira década de vida (e com maior incidência a partir dos 50 anos), a sarcopenia é uma alteração músculo-esquelética progressiva e generalizada, associada à redução da massa magra e consequente diminuição da força, aumentando a probabilidade de quedas, fraturas, incapacidade física (limitando atividades simples como caminhar, subir escadas ou levantar-se da cama), dependência e mortalidade.

“Sendo a sarcopenia uma condição natural do envelhecimento, é importante procurar estratégias para contrariar este processo”, nota Helena Loureiro. Estima-se que, atualmente, a sarcopenia afete mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, uma realidade que deverá quadruplicar nos próximos 40 anos. Com o aumento da esperança média de vida (prevê-se que, na União Europeia, o número de indivíduos com mais de 65 anos cresça 70 por cento até 2050 e o número de idosos com mais de 80 anos aumente cerca de 170 por cento, tendência que será acompanhada também em Portugal), “a sarcopenia torna-se um importante problema de saúde pública”, alerta.

A investigação da docente mostra, no entanto, que é possível contrariar a evolução da sarcopenia através do exercício físico de força e de resistência e da suplementação de proteína. Helena Loureiro realizou um estudo ao longo de 12 semanas, com uma amostra de indivíduos autónomos e independentes, com idade superior a 60 anos. Os participantes foram divididos em quatro grupos: o primeiro grupo integrou um programa de exercício físico (força e resistência aeróbia, três dias por semana, com um profissional), seguido de toma de suplementação proteica (20g de whey protein, caseina e leucina); o segundo integrou o mesmo programa de exercício físico, mas ingeriu um placebo no lugar da proteína; o terceiro fez apenas suplementação proteica, sem atividade física; e o quarto (grupo de controlo) não praticou exercício nem aumentou o consumo de proteína.

Nos três primeiros grupos, os participantes que tinham sarcopenia provável no início do estudo passaram a não sarcopénicos após as 12 semanas de intervenção, apresentando uma tendência para aumento da massa esquelética apendicular, aumento de massa magra, da força de preensão manual e da força dos músculos das pernas. Pelo contrário, no grupo de controlo, os parâmetros em análise pioraram, aumentando significativamente o número de participantes com sarcopenia provável.

“Verificámos que os suplementos proteicos têm um efeito bastante expressivo nos parâmetros da sarcopenia, mesmo quando os seniores não praticam exercício, pelo que podem ser uma boa opção para idosos que não possam fazer exercício ou uma estratégia para colmatar défices nutricionais em idosos”, descreve a investigadora. Por outro lado, “o exercício de intensidade moderada mostrou-se eficiente para sensibilizar o músculo esquelético e aumentar os efeitos anabólicos da proteína, contribuindo para a melhoria dos parâmetros físicos em análise e, consequentemente, da qualidade de vida relacionada com a saúde”, acrescenta. “Não sendo o objetivo principal deste estudo o impacto na qualidade de vida, foram estes os resultados que efetivamente mais nos surpreenderam”, assume Helena Loureiro.

O estudo “Influência do Exercício Físico e da Nutrição na Sarcopenia” foi ontem apresentado em livro, integrado na coleção Ciência, Saúde e Inovação, Teses de Doutoramento, editada pela ESTeSC-IPC. A investigação resulta da tese de doutoramento da docente, na área de Ciências do Desporto - Ramo de Atividade Física e Saúde, apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra.

Fonte: 
Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra (ESTeSC-IPC)
Nota: 
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