Hospitais da região de Lisboa não garantem número seguro de enfermeiros
Um estudo realizado (em 2010) pela Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses (AESOP) junto de 164 hospitais nacionais, revela que há um decréscimo progressivo nas dotações seguras de três enfermeiros por sala de operações. Em Lisboa, apenas 50% dos inquiridos tem este número assegurado. Em comparação, na região do Porto, estão garantidas dotações seguras em 91% das salas de operações.
A AESOP estima que em Portugal trabalhem pelo menos 5 mil enfermeiros em contexto peri-operatório (no bloco operatório). Considera-se uma cirurgia segura, quando estão presentes na sala de operações o enfermeiro instrumentista, o enfermeiro circulante e o enfermeiro de anestesia.
“Existe uma relação evidente entre a dotação de enfermeiros e a segurança dos doentes. O número apropriado de enfermeiros, com capacidades adequadas, reduz significativamente o número de eventos adversos, que causam morbilidades e mortalidade hospitalar”, explica Manuel Valente, Vice-presidente da AESOP.
A maioria dos blocos operatórios trabalha com dotações seguras nos turnos da manhã, enquanto no turno da noite o número de equipas com dotações seguras é relativamente reduzido, num contexto de actividade cirúrgica de urgência e onde os meios redundantes de suporte não existem.
Este estudo mostra que o valor do decréscimo é de 9,5% do turno da manhã para o turno da tarde e de 43% do turno da manhã para o turno da noite.
“A não garantia na sala de operações do enfermeiro instrumentista, enfermeiro circulante e enfermeiro anestesista, respectivamente para cada uma das funções é, por si só, um condicionador de risco acrescido de eventos adversos”, remata o Enfermeiro Manuel Valente.
Este e outros temas estão em debate no XVI Congresso Nacional da AESOP, que se realiza no Centro de Congressos do Estoril.