Hesitar tomar a vacina contra Covid-19 pode estar relacionado a traumas de infância

Para o neurocientista, biólogo e antropólogo, Fabiano de Abreu, essa relutância ou recusa pode estar relacionada com traumas de infância. “Podemos conectar com negligência, violência doméstica ou abuso de substâncias no lar onde se encontrava a criança”, aponta.
A pesquisa publicada pelo jornal BMJ Open sugeriu que a hesitação em tomar a vacina foi 3 vezes maior entre as pessoas que haviam tido 4 ou mais experiências traumáticas durante a infância. “Problemas na infância estão fortemente associados a uma saúde mental debilitada. Alguns estudos demonstram, inclusive, que maus tratos quando criança podem minar a confiança subsequente de modo geral, isso inclui a saúde e outros serviços públicos”, exemplifica.
De acordo com a pesquisa, aqueles que afirmaram ter pouca confiança ou nenhuma nas informações sobre o novo vírus ou que sentiram que as restrições do governo eram muito injustas eram também mais propensos a querer o fim imediato dos regulamentos sobre distanciamento social e máscaras obrigatórias. “Esses também foram os que mais desrespeitaram as normas e hesitavam em se vacinar”, pontua o neurocientista.
Traumas na infância também foram associados a essa postura de provável desrespeito às normas vigentes. De acordo com o cientista, pessoas com esses traumas são conhecidas por terem comportamentos de risco em relação à saúde. “É importante compreender tais limitações, para que possa avaliar a criação de métodos para aumentar a confiança dessas pessoas nas informações disseminadas, não só para esta pandemia, como para as próximas que o mundo possa vir a enfrentar”, opina Fabiano de Abreu.