Funcionário da EMA admite ligação entre a vacina AstraZeneca e trombose
Segundo o jornal El Mundo, o Comité de Avaliação de Risco de Farmacovigilância (PRAC), responsável por monitorizar e avaliar a segurança dos medicamentos para uso humano autorizados pela EMA, tem várias reuniões agendadas ao longo desta semana, pelo que se espera que hajam mais novidades, em breve, sobre estes casos.
Embora não esteja confirmada a associação entre o desenvolvimento de coágulos sanguíneos e a toma da vacina da AstraZenaca, após a última reunião, realizada na passada quarta-feira, o PRAC não descartou a relação causa-efeito, embora não tenham sido encontradas evidências claras desta ligação, pelo que a EMA continuou a considerar que os benefícios desta vacina contra a Covid-19 continuam a superar qualquer risco devido a efeitos colaterais.
No entanto, países como a Alemanha e a Holanda decidiram, por precaução, suspender a vacinação com AstraZeneca a menores de 60 anos de idade, enquanto se aguarda por uma conclusão definitiva. "A questão crucial é saber se estes acontecimentos têm origem pós-vacinação ou pré-vacinação ... Devemos errar do lado da cautela. É prudente apertar o botão de pausa como precaução", disse o ministro da Saúde holandês, Hugo de Jonge. "Não pode haver dúvida sobre a segurança" das vacinas, observou.
Esta decisão veio após a deteção de cinco casos de mulheres entre 25 e 65 anos que desenvolveram trombose em combinação com um número reduzido de plaquetas, uma das quais veio a falecer após desenvolver uma extensa embolia pulmonar. O caso aconteceu dez dias após a vacinação com AstraZeneca.
A Alemanha também decidiu na última terça-feira suspender generalizadamente a administração da vacina anglo-sueca aos menores de 60 anos por recomendação da Comissão Permanente de Vacinação e com base em cerca de trinta casos de trombose detetados em pessoas desse grupo - principalmente mulheres – e que fez nove mortes.
Além da investigação no PRAC, a EMA convocou no dia 29 de março uma reunião de especialistas externos independentes de diversas especialidades médicas, incluindo hematologistas, neurologistas e epidemiologistas, que discutiram aspetos específicos dos casos detetados, com o objetivo de identificar fatores de risco e dados adicionais para caracterizar os eventos tromboembólicos observados e definir um risco potencial, se os houver.
Muito embora, esta revisão, que também fará parte do relatório final do PRAC, também não conseguiu identificar um fator de risco específico, como idade, sexo ou um histórico médico anterior de distúrbios de coagulação do sangue que poderiam servir para explicar estes casos raros de tromboembolismo pós-vacinação, mas por acreditar que poderia haver risco, optou-se por continuar a análise.
"Os indivíduos vacinados devem estar cientes da possibilidade remota desses tipos muito raros de coágulos sanguíneos. Se eles apresentarem sintomas que sugiram problemas de coagulação, conforme descrito nas informações do produto, devem procurar atendimento médico imediato e informar os profissionais de saúde sobre sua vacinação recente", sublinhou a EMA.
A agência continua a analisar todos os casos suspeitos de coágulos sanguíneos que foram notificados pelas autoridades nacionais em cada país europeu nas últimas semanas.
Ainda não se sabe quando a EMA irá comunicar as suas conclusões, no entanto, espera-se que estas sejam transmitidas nos próximos dias.