Falta de recursos humanos continua a debilitar resposta no Serviço Nacional de Saúde
O problema, afiança Pedro Costa, “não é novo nem surpreende”. “Sucede no inverno, na altura do Natal e da Passagem de Ano, e repete-se no verão, sobretudo entre junho e setembro”, acrescenta. Para o presidente do SE, o problema reside, desde logo, na escassez de recursos humanos, “subdimensionados face às reais necessidades dos serviços e das unidades hospitalares”. No seu entender, faltam médicos e enfermeiros e, com o período de férias, “as escalas já reduzidas e, muitas vezes, preenchidas por enfermeiros que asseguram turnos duplos e triplos, vão ser preenchidas com dificuldades crescentes, pondo em causa a sua saúde física e emocional e claro a eficácia da resposta no atendimento clínico aos doentes”.
É fundamental, sustenta Pedro Costa, que se reduza no número de horas extraordinárias contratadas ou no número de enfermeiros ‘temporários’ no SNS, “apostando antes em enfermeiros contratados a tempo inteiro, com vantagens no dinamismo das equipas e no conhecimento dos serviços”, acrescenta.
De acordo com informações transmitidas ao SE, “há um conjunto de 40 enfermeiros que tinham sido contratados por um período de seis meses pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa e que estão, nesta fase, a ser dispensados, não sendo o seu contrato renovável”. Uma situação que, no entender do Sindicato dos Enfermeiros, “é incompreensível quando, neste momento, há relatos de cerca de meia centena de doentes internados em camas e macas e espalhados pelos corredores do CHTS”.
Adicionalmente, afiança Pedro Costa, “os doentes portugueses continuam a ver-se forçados a recorrer ao SNS, e mais concretamente às urgências, por falta de resposta nos Cuidados de Saúde Primários (CSP)”. “São conhecidos os dados que referem que é maior o número de portugueses sem médico de família, bem como as dificuldades que existem no acesso a este tipo de cuidados de saúde”, acrescenta.
O presidente do SE recorda que os CSP “deveriam ser a triagem no acesso ao SNS, ali delineando quem necessita de aceder a uma urgência hospitalar ou quem apenas precisa de uma consulta ou medicação mais simples para debelar, por exemplo, uma gripe mais agressiva”.
Porém, lembra Pedro Costa, “a estruturação dos CSP e os seus horários de funcionamento são, em muitos casos, incompatíveis com os horários de trabalho dos portugueses”. “Se uma pessoa tiver um mal-estar às nove da noite ou uma dor de cabeça mais intensa, acaba por ter de recorrer às urgências por falta de resposta nos Cuidados de Saúde Primários”, diz.
Também por isso, fundamenta Pedro Costa, “o Sindicato dos Enfermeiros aguarda que seja marcado o regresso das reuniões de negociação entre o Ministério da Saúde e os enfermeiros, pois o acesso ao SNS e, em particular, aos CSP, são um dos temas que pretendemos levar à mesa de negociações”.