Associada à Covid-19

Estudo revela que “esgotamento” das células T pode estar na origem dos casos de síndrome inflamatória multissistémica

Estudo publicado na revista Nature Communications vem mostrar que o “esgotamento” das células T por ação permanente de agentes patogénicos é um dos fatores possíveis que impulsionam o desenvolvimento da síndrome inflamatória multissistémica.

Segundo os dados de um grupo de trabalho, constituído pela Organização Mundial de Saúde para investigar a possível relação entre a Covid-19 e a síndrome inflamatória multissitémica, responsável pela doença de Kawasaki, estes casos ocorrem em menos de uma em cada 100 mil crianças e são habitualmente ligeiros, sendo as faixas etárias entre os 12 e os 19 anos as mais atingidas por esta síndrome.

Não obstante, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou ser “urgente caracterizar esta síndrome para compreender as suas causas e efeitos”.

Agora, uma nova pesquisa, publicada na Nature Communications, revela agora uma pista importante sobre a sua origem e desenvolvimento: o esgotamento das células T por exposição permanente a agentes patogénicos em doentes com síndrome inflamatória multissistémica é um dos fatores possíveis que impulsionam esta doença.

De acordo com um dos autores deste trabalho, Noam Beckmann, do Centro de Investigação do Hospital Mount Sinaí em Nova Iorque (Estados Unidos), citado pelo jornal El Mundo, este fenómeno sugere que "um aumento das células NK (assassinos naturais) e das células CD8+ T empobrecidas poderia melhorar os sintomas da doença inflamatória.

Isto porque, quando as células CD8+ T são persistentemente expostas a agentes patogénicos, entram num estado de 'esgotamento', resultando numa perda da sua eficácia e capacidade de proliferação."

As células Cd8+ T, em particular, são consideradas neste estado de esgotamento, o que pode enfraquecer a resposta imunológica inflamatória. "Além disso, um aumento das células NK também está associado com células CD8+ T esgotadas."

O estudo identificou ainda nove reguladores-chave nesta rede que são conhecidos por terem associações com a funcionalidade das células NK esgotadas e das células CD8+ T. "Um destes reguladores, o TBX21, é um alvo terapêutico promissor porque serve como coordenador principal da transição das células CD8+ T de efetiva para esgotada", diz o investigador.

A síndrome inflamatória multissistémica, geralmente, não afeta bebés ou a crianças muito jovens. Atinge, sobretudo, crianças em idade escolar, ou seja, entre os 5 e os 12 anos, embora tenham sido também relatados casos de crianças entre os 12 meses e os 16 anos, sem patologia básica.

 

Fonte: 
El Mundo
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay