Especialistas internacionais em Lisboa para discutir o cancro da mama na mulher jovem
Um estudo, liderado por investigadores da Universidade de Washington, conclui que os diagnósticos de cancro da mama em mulheres jovens aumentaram nas últimas duas décadas, com um crescimento mais acentuado nos anos mais recentes. Esta tendência internacional está a preocupar médicos e investigadores.
Luís Costa, oncologista, membro da direção da BCYW Foundation e Diretor do Departamento de Oncologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte, olha para esta tendência com inquietação: “Sabemos que, em idades abaixo dos 40 anos, o diagnóstico de cancro da mama tende a ser tardio, os tumores tendem a ser mais agressivos, o prognóstico costuma ser menos favorável e as taxas de sobrevivência piores, quando comparadas com uma população com mais idade”. Por isso, defende que “é urgente compreender os fatores de risco para o cancro da mama nas mulheres jovens, promover o diagnóstico precoce, conseguir no futuro rastreios individualizados, entender os desafios sentidos por estas mulheres e discutir opções de tratamento capazes de garantir a sua qualidade de vida”.
Ao longo de dois dias, o Hospital CUF Tejo vai acolher esta conferência internacional pioneira que trará para debate os mais recentes avanços sobre saúde da mama. Estratégias de vigilância, caminhos para o diagnóstico precoce, novos tratamentos e a compreensão do seu impacto são alguns dos temas que investigadores de renome internacional vão abordar durante a conferência, cujo programa completo pode ser consultado aqui.
“No mesmo espaço e momento, vamos ter a oportunidade de reunir mais de 30 especialistas diferenciados em múltiplas áreas, incluindo investigadores, oncologistas, cirurgiões, patologistas, economistas, especialistas em saúde pública, epidemiologistas e representantes de associações de doentes”, destaca Luís Costa, apontando que vêm de vários pontos do mundo (EUA, Canadá, México, Portugal, Espanha, Irlanda, Áustria, Índia, Japão ou Austrália, entre outros).
A integração de diferentes perspetivas e experiências, por parte de líderes mundiais pela saúde da mama, é fundamental, “pois compreender o cancro da mama exige não só o estudo das ciências relacionadas com a biologia, anatomia, genética e epidemiologia, mas também o conhecimento das dimensões emocionais e psicossociais de quem viveu este diagnóstico”, justifica o médico-investigador que integra a organização deste evento, onde estarão em debate os desafios enfrentados por mulheres jovens com cancro da mama.
Em Portugal, segundo o Registo Oncológico Nacional de 2020 - últimos dados atualizados -, perto de 2000 mulheres entre os 20 e os 49 anos foram diagnosticadas com cancro da mama. Refira-se que estas faixas etárias não estão abrangidas pelo rastreio, que é preconizado apenas a partir dos 50 anos.
Para Luís Costa, “todos os novos casos são um alerta para a contínua necessidade de juntos encontrarmos melhores respostas para os desafios que as mulheres enfrentam, sejam eles alterações transitórias que ocorrem durante os tratamentos de quimioterapia, como as alterações de imagem, a diminuição da capacidade de concentração, alteração da memória e da rapidez de raciocínio; ou desafios relacionados com implicações para a saúde e vida futura, sentidos nos projetos familiares - onde a maternidade e fertilidade tendem a ser preponderantes - nos projetos profissionais, nas relações sociais e amorosas e, também, na relação com a própria imagem corporal”.
O objetivo da primeira conferência internacional sobre cancro da mama na mulher jovem, organizada pela Breast Cancer in Young Women Foundation, é partilhar conhecimento, criando uma comunidade internacional comprometida com a identificação das causas do cancro de mama em idades jovens e com a promoção de saúde e qualidade de vida das mulheres.