Especialista do Porto na equipa que criou manual de apoio aos médicos para o diagnóstico da SII
A SII é uma desordem gastrointestinal crónica, de difícil diagnóstico, que causa dor, desconforto abdominal e alterações dos hábitos intestinais. Afeta grandemente a qualidade de vida e o bem-estar dos doentes. Até 75% das pessoas com SII podem não estar diagnosticadas e podem sofrer com os sintomas mais de quatro anos até receberem um diagnóstico médico formal correto.
Como explica o Pedro Costa Moreira, gastroenterologista no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, o diagnóstico adequado da SII pode ser desafiante e incerto por diferentes razões, isto porque é uma patologia complexa, em que os sintomas podem variar de doente para doente com diferentes graus de severidade. “Vivemos uma era de enorme inovação tecnológica na prática médica, assente na rápida disponibilidade de métodos complementares de diagnóstico facilmente mensuráveis. Pelo contrário, “a SII necessita de uma abordagem semiológica cuidada e pormenorizada, tendo por base uma empática relação médico-doente”, explica.
Na opinião do médico, “a disponibilidade de algoritmos e outras ferramentas de apoio à prática clínica assumem uma grande mais-valia, ao permitirem uma melhor estruturação da consulta médica”. E acrescenta que “uma maior solidez e estratificação do raciocínio clínico permitem a melhor estratificação dos cuidados nas diversas fases da abordagem do utente: diagnóstico clínico, necessidade de meios complementares, abordagem terapêutica e monitorização”.
O manual de diagnóstico de SII desenvolvido pelos três especialistas vem colmatar a preocupação com o diagnóstico tardio e com o tratamento adequado, em vésperas de mais um Dia Mundial da Síndrome do Intestino Irritável, que se assinala a 19 de abril por iniciativa do Support Group Community for IBS Patients, em parceria com organizações de todo mundo e onde se incluiu o Biocodex Microbiota Institute. Outro dos objetivos do manual é facilitar e melhorar a comunicação com os seus pacientes.