Empresas portuguesas deverão ver os custos com planos de saúde aumentar em média cerca de 10%
As pressões quanto à incerteza da duração da inflação e da instabilidade macroeconómica mundial irão persistir e estima-se que os custos com os planos de saúde das empresas alcancem a barreira dos dois dígitos. Em Portugal prevê-se que o aumento da taxa dos custos com planos de saúde seja de 10%, comparando com os 7% (média anual) registados no ano anterior. A nível global a tendência é também de crescimento, fixando-se nos 10,1%, face aos 9,2% registados em 2023, sendo este o valor mais alto desde 2015.
O aumento consecutivo dos custos de saúde e bem-estar tornaram-se uma preocupação importante para as empresas que, para fazer face a este aumento, estão a procurar implementar algumas medidas de mitigação do risco: os planos de benefícios flexíveis são uma das iniciativas cada vez mais utilizada a nível global, com cerca de 60% dos países a identificarem-na como uma iniciativa a ser considerada em 2024.
Para Rita Silva, Senior Associate em HR Solutions da Aon Portugal, “Temos vindo a assistir a um aumento dos custos com os planos de saúde para as empresas e 2024 não será exceção. A instabilidade macroeconómica mundial é um dos fatores a ter em conta, mas não é o único a impactar esta subida, que naturalmente traz um desafio acrescido para as empresas. De forma a atenuar estes aumentos, as organizações estão a procurar implementar programas de saúde e bem-estar numa perspetiva de prevenção incluindo: check-ups regulares, programas de nutrição, literacia para o bem-estar, programas de incentivos (gamification), programas de cessação tabágica”.
E conclui afirmando que “Adicionalmente é também comum vermos o desenvolvimento de programas de assistência ao colaborador como forma de as organizações continuarem a suportar o bem-estar mais holístico (físico, mental, financeiro) das suas pessoas. Uma tendência que também já vem de anos anteriores, são os planos de benefícios flexíveis que permitem que cada colaborador possa “desenhar” o seu pacote de benefícios de acordo com as suas necessidades mais especificas, tornando mais eficiente o valor investido pelas organizações.
Na análise realizada anualmente pela Aon são também apresentadas as tendências ao nível das coberturas nos planos de saúde e em Portugal as mais procuradas são as de hospitalização, serviços clínicos de laboratório e análises clínicas, estomatologia e oftalmologia, que se mantém inalteradas face às registadas no ano passado e que refletem também as áreas onde o apoio do SNS é menor (ou mais demorado). No que diz respeito aos fatores de risco para a Saúde, Portugal regista nas cinco primeiras posições o envelhecimento da população (segundo dados das Nações Unidas Portugal é o 4º país do mundo mais envelhecido), a falta de rastreio médico, as condições genéticas, dificuldades na gestão do stress e a tensão arterial elevada.
As projeções com os custos de saúde associados a cada patologia são muito semelhantes às registadas no ano anterior, retratando uma situação muito idêntica em todos os países. Assim, tanto em Portugal como a nível global, as patologias que mais contribuem para os custos dos planos de saúde empresariais são as doenças cancerígenas – os principais tipos de cancro são da mama, do pulmão, o colorretal e da próstata – e as condições cardiovasculares – estas doenças são responsáveis por quase 18 milhões de mortes por ano a nível mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde. Portugal está em linha e as cinco principais patologias são as doenças cancerígenas, cardiovasculares, musculoesqueléticas e de costas, diabetes e saúde mental.
Quando analisadas as tendências todas as regiões registaram aumentos moderados nos custos de saúde face ao ano anterior. Destaque para a Europa e a América do Norte, com aumento de 9,1% para 10,4%, e de 6,6% para 7,6% respetivamente. As restantes regiões registaram um aumento inferior a um ponto percentual, com o Médio Oriente e África a assinalar um aumento de 14,5% para 15,1%, a Ásia-Pacífico, com 9,2% para 9,7%, e a América Latina e Caraíbas, com 11.6% para 11,7%.