Direcção-Geral da Saúde promove rastreio oportunístico
"O rastreio nestes moldes já existia e era ineficaz. A Direcção-Geral da Saúde propõe um rastreio oportunístico, não havendo uma atitude organizada que garanta que a população a partir dos 50 anos é rastreada.
Parece-nos redutor e enganador que, em 2014, se continue a deixar ao livre arbítrio dos médicos de Cuidados de Saúde Primários o "convite" não organizado aos utentes que utilizam a consulta do Centro de Saúde, para outros fins, a execução do rastreio na norma definido.
Desde 2007 que morreram mais de 32 mil pessoas no nosso país. É uma mortalidade avassaladora, uma questão de saúde pública que está a ser insistentemente ignorada pelo Ministro da Saúde.
No fundo, a DGS está a reintroduzir uma medida que não funciona. Precisamos de rastreio organizado, à semelhança do cancro da mama ou do colo do útero", alerta Vítor Neves, Presidente da Europacolon Portugal.
Para Manuel Sobrinho Simões "o rastreio deve ser de base populacional, com uma estratégia organizativa que convoque todos os cidadãos dentro da idade definida. Poderia até não ser implementado de forma total no território, mas faseadamente. Agora, rastreio de base oportunístico deixa-nos na mesma situação e, mais grave, os doentes em risco".
Também para Daniel Serrão, a proposta poderá passar pela organização, numa primeira fase, de um rastreio-piloto na zona do Grande Porto, em conjunto com a ARS Norte e a Direcção-geral de Saúde. "Precisamos de mobilizar as USF e, com base no resultado, alargar progressivamente a todo o país. Só assim conseguimos inverter estes números verdadeiramente dramáticos", afirma.
"Esta doença tem custos directos e indirectos brutais, no que respeita a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, o absentismo laboral, o custo com os cuidados informais e todo o impacto social e psicológico", finaliza Vítor Neves.
Sobre a Europacolon
A Europacolon Portugal - Associação de Luta Contra o Cancro do Intestino é uma Associação sem fins lucrativos que promove a prevenção do cancro colo-rectal, difundindo o conhecimento da doença e os seus sintomas, apoiando os pacientes, familiares/cuidadores, na área psico-emocional, no esclarecimento dos seus direitos e criando parcerias com a comunidade médica em tudo o que a esta patologia se refira.
Sobre o Cancro Colo-Rectal
O cancro colo-rectal é a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 694 mil mortes a cada ano. O relatório GLOBOCAN 2012 da Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC)* revela que o cancro colo-rectal é a terceira forma mais comum de cancro nos homens (746 mil casos, 10% do total) e a segunda forma mais comum nas mulheres (614 mil casos, 9,2% do total) em todo o mundo.
Em Portugal o cancro colo-rectal é o tumor maligno com maior incidência (14,5%) e afecta de igual modo homens e mulheres. Anualmente surgem cerca de 7.000 novos casos e morrem mais de 3.000 pessoas com a doença, sendo actualmente esta a principal causa de morte por cancro.
*Relatório GLOBOCAN 2012 - Agência Internacional de Investigação do Cancro