Desporto de recreação é o pontapé de saída para minimizar o impacto do cancro da próstata
Durante a primeira época, realizada entre novembro de 2022 e julho de 2023, doze doentes com cancro da próstata, com uma média de 72 anos, participaram no programa de treinos ‘PCaGoal’. O programa de exercício envolveu a realização de 2-3 sessões semanais, consistindo principalmente de jogo reduzidos de futebol de recreação, durante 8 meses. Os doentes marcaram presença, em média em 77% das sessões de treino. Os resultados indicaram melhorias substanciais em vários aspetos da saúde destes doentes, incluindo:
- Melhoria na aptidão física – Os participantes demonstraram uma clara melhoria na execução dos movimentos, com uma redução no tempo médio de 5,8 para 4,4 segundos, e um aumento na capacidade de resistência, percorrendo, na prova de marcha de 6 minutos, em média, 580 metros em comparação com 537,5 metros percorridos inicialmente. Este último teste tem sido proposto como fator de prognóstico para a sobrevivência dos doentes.
- Redução da pressão arterial – Ao longo do programa, verificou-se uma diminuição gradual da média da pressão arterial sistólica (baixou de 134 mmHg para 123 mmHg) e diastólica (passou de 80 mmHg para 73 mmHg) dos participantes, demonstrando benefícios para a saúde cardiovascular. Em geral, a pressão arterial média passou de 97 para 93,5 mmHg.
- Melhoria na qualidade de vida – Os doentes inscritos relataram melhorias no funcionamento cognitivo e uma redução nos sintomas de depressão associados ao cancro da próstata, o que evidencia o impacto positivo do projeto PCaGoal na saúde mental e social dos participantes.
Miguel Ramos, médico urologista e presidente da APU, sublinha que: “De modo geral, os doentes com cancro tendem a ser menos ativos do que os indivíduos que nunca viveram um processo de doença oncológica, sendo que a prática de exercício físico diminui após o diagnóstico. Para mudar esta realidade e desmitificar o facto de doentes com cancro da próstata não poderem realizar prática de desporto, desenvolvemos o projeto ‘PCaGoal’ que reúne dois fatores aliciantes para motivar os doentes a serem mais ativos: um desporto que gostam (futebol) e colegas de equipa que enfrentam um desafio semelhante.”
Este programa criado pela APU, com o apoio da Bayer, ao qual se associou o FC Porto, utiliza o futebol de recreação para assegurar uma maior adesão à atividade física a longo prazo e contribuir para a redução do impacto do cancro da próstata.
“O sucesso do projeto ‘PCaGoal’ destaca o potencial do exercício físico como uma ferramenta eficaz na gestão do cancro da próstata. A atividade física regular deve ser complementar ao tratamento e desempenhar um papel central num modelo de cuidados integrados mais amplo, que idealmente inclua psicoterapia e nutrição”, destaca Sofia Mesquita, médica interna de Urologia e uma das impulsionadoras do PCaGoal.