Descoberto mecanismo molecular que pode explicar o desenvolvimento de cancro colorretal após inflamação intestinal crónica
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O cancro do cólon e do reto é dos tumores mais frequentes em Portugal. O risco de desenvolver este tipo de cancro aumenta na presença de inflamação intestinal, uma doença crónica debilitante que afeta cerca de 25 mil portugueses. Embora seja já aceite na comunidade científica que um microambiente inflamatório à volta de células pré-cancerígenas promove a progressão maligna destas, a natureza molecular desta associação é ainda pouco conhecida. No trabalho agora publicado, a equipa de investigação liderada por Peter Jordan, do Departamento de Genética Humana do INSA, identificou um mecanismo molecular por detrás do efeito da inflamação.
Para o efeito, os investigadores colocaram células do cólon em contacto com células pro-inflamatórias e verificaram que a presença de fibroblastos e macrófagos estimulou as células do cólon a produzirem uma proteína designada por RAC1B, que estimula a sobrevivência e multiplicação das células do cólon. Foi ainda identificado que a molécula solúvel, interleucina 6, produzida pelas células pro-inflamatórias, é responsável por esta estimulação das células do cólon.
A equipa de investigação do INSA tem vindo a estudar o aumento deste biomarcador pro-tumoral RAC1B em tumores do cólon, e o trabalho agora publicado aponta a presença aumentada da interleucina 6 no ambiente inflamatório como um dos estímulos conducentes à progressão maligna. Os resultados sugerem um novo alvo terapêutico para travar a progressão maligna das células tumorais. Estes resultados foram agora publicados na versão online da revista internacional Cancers.