Descoberta revela possível uso de piercings faciais no Paleolítico Superior
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Os resultados do estudo, publicados no Journal of Paleolithic Archaeology, baseiam-se na análise detalhada do desgaste dentário encontrado nos molares, pré-molares e caninos de fósseis humanos pavlovianos. As observações sobre os padrões únicos de desgaste bucal apontam para o uso recorrente de adornos faciais que atravessavam a cavidade oral. Segundo os investigadores, esta é uma das mais antigas evidências conhecidas de práticas de modificação corporal no registo arqueológico.
«Examinamos os restos humanos de vários sítios arqueológicos pavlovianos e comparamos os padrões de desgaste dentário com exemplos etno-históricos e bioarqueológicos modernos. Os dentes maxilares mostraram-se mais afetados do que os mandibulares, sendo os primeiros molares maxilares os mais visivelmente desgastados», revela o John Charles Willman.
De acordo com o cientista, a progressão do desgaste parece estar relacionada com a idade, sendo unilateral em indivíduos mais jovens e bilateral nos mais velhos, sugerindo um uso contínuo do “labret” ao longo da vida. A uniformidade destes padrões em crianças, adolescentes e adultos reforça a hipótese de que o uso do piercing facial era uma prática cultural disseminada entre os pavlovianos.
«Se esta hipótese se confirmar, a descoberta fornecerá informações fascinantes sobre a forma como os povos do Paleolítico Superior moldavam a sua identidade através da modificação corporal. Este estudo não só amplia o conhecimento sobre os comportamentos sociais dos pavlovianos, como também sugere que a prática de adornar o corpo pode ter raízes muito mais antigas do que se pensava», conclui.
O artigo científico “Probable Use of Labrets Among the Mid Upper Paleolithic Pavlovian Peoples of Central Europe” pode ser consultado aqui.