Custos com planos de saúde aumentam 7% nas empresas portuguesas
De acordo com este relatório, os custos com os planos de saúde em Portugal registam um crescimento bruto de 3% face ao anterior (previsão de 7% em 2023 face a 4% em 2022). Em termos globais, a tendência mundial é também de crescimento, com a previsão dos custos de saúde das empresas de 9,2%, em 2023, comparativamente com os 7,4%, em 2022, registando-se assim a taxa mais alta desde 2015.
A previsão de aumento dos custos com os planos de saúde disponibilizados pelas empresas aos seus colaboradores resulta da incerteza e da antecipação de que a pressão inflacionista irá aumentar o custo dos serviços de saúde, assim como a recuperação de níveis de utilização pré-pandemia. Os fatores que vão marcar a subida dos custos com a saúde para as empresas no próximo ano são o declínio geral da saúde resultado da ausência de diagnóstico clínico antecipado, envelhecimento da população, estilos de vida pouco saudáveis e o aumento de doenças crónicas.
Para Rita Silva, Senior Associate em HR Solutions da Aon Portugal, “A inflação está a atingir níveis elevadíssimos em quase todo o mundo e nesta edição do estudo esse impacto está refletido. Devido aos acontecimentos recentes, a pandemia e os tempos de volatilidade que vivemos, há uma necessidade acrescida de as empresas apoiarem os colaboradores, o que se traduz em maior custo para as organizações, seja pelo aumento do investimento em áreas de apoio à Saúde dos colaboradores, seja pelo aumento dos custos com os planos já implementados. As políticas de bem-estar reforçam-se como prioridade estratégica para as organizações e começamos a assistir ao desenvolvimento dos vários programas de wellbeing, físico e psicológico, no sentido de proporcionar um impacto positivo nas vidas dos seus colaboradores.”
De acordo com o 2023 Global Medical Trend Rates Report, as coberturas dos planos de saúde mais procurados em Portugal são as de hospitalização, serviços clínicos de laboratório e análises clínicas, estomatologia e oftalmologia, mantendo-se em linha com as registadas no relatório do ano passado. Por sua vez, no que diz respeito aos fatores de risco, Portugal regista nas cinco primeiras posições a falta de rastreio médico (fator que ainda poderá estar associado à pandemia), o envelhecimento (Portugal é um dos países mais envelhecidos do Mundo), a genética, a incorreta gestão do stress e a tensão arterial elevada.
As projeções com os custos de saúde associados a cada patologia retratam uma situação muito idêntica, tanto em Portugal como a nível global, e são consistentes com as registadas no ano anterior. As patologias que mais contribuem para os custos dos planos de saúde empresariais global são as condições cardiovasculares – estas doenças são responsáveis por quase 18 milhões de mortes por ano a nível mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde – e as doenças cancerígenas – o cancro é responsável por uma em cada seis mortes em todo o mundo, segundo um estudo recente do The Lancet. Portugal regista no top 5 as doenças cancerígenas, cardiovasculares, musculoesqueléticas e de costas, diabetes e a saúde mental, que este ano integra, pela primeira vez, esta análise.
No sentido de mitigar o aumento dos custos dos planos de saúde, tem-se registado um aumento do número de empresas a desenvolver programas ligados à promoção da saúde e do bem-estar dos colaboradores. O Global Medical Trend Rates Report mostra-nos que a nível global as medidas mais prevalentes são o investimento em programas de bem-estar numa perspetiva de prevenção, evitando custos mais avultados com tratamentos numa fase mais avançada dos processos. Portugal também regista estes programas no top 5 e, sendo que as iniciativas de wellbeing mais prevalentes procuram dar suporte a todo o espectro do circuito de promoção de bem-estar, desde: 1 - deteção precoce (check-ups, consultas oftálmicas, assessements ao nível da nutrição ou adições, como tabaco); 2 – educação (comunicação, kits de bem-estar e programas de incentivos); 3 – tratamento (com programas de apoio aos colaboradores, de cessação tabágica e de nutrição).
Quando analisadas as tendências por região, a Europa e o Médio Oriente e África destacam-se com o maior aumento dos custos de saúde face ao ano anterior, de 5,6% para 9.1%, e de 11,1% para 14,5%, respetivamente. Também as regiões de Ásia-Pacífico e a América Latina e Caraíbas registam aumentos, embora mais moderados, com 8.2% para 9,2%, e 10,6% para 11.6%, respetivamente. Apenas a América do Norte mantém os custos com planos de saúde, a registar 6,6%.