Congresso de Pneumologia do Norte reafirma a importância da multidisciplinariedade na abordagem ao doente respiratório
Carla Damas (CHUSJ) e Daniela Ferreira (CHVNG/E) são, respetivamente, a Presidente e Vice-presidente do Congresso deste ano e explicam a escolha do tema desta edição: “a Medicina está a seguir o caminho da individualização do doente, a chamada Medicina personalizada, no entanto, é importante reconhecer que o doente não é feito de um órgão isolado. Na doença respiratória a abordagem multidisciplinar é uma mais-valia, nomeadamente quando existem associações com outras patologias. Devemos encarar o doente de forma personalizada, mas é fundamental entendermos que o trabalho multidisciplinar é primordial”.
Foi precisamente nesse sentido que se contruiu o programa do Congresso, como explicam as médicas pneumologistas: “pensámos em todas as patologias inerentes à Pneumologia e na multidisciplinariedade que as envolve de forma a construirmos um programa que fizesse uma abordagem completa do doente, reconhecendo a necessidade do apoio de várias especialidades, no diagnóstico e no tratamento. Na área da Patologia do Interstício, onde contamos com a participação de colegas da Reumatologia e da Imagiologia, e da Patologia do Sono, na qual envolvemos estomatologistas, cirurgiões e um colega especialista em cirurgia maxilo-facial, são exemplos disso”.
Doenças neuromusculares, técnicas endoscópicas, asma, hipertensão pulmonar, patologia pleural, DPOC, pneumologia oncológica, doenças pulmonares difusas, patologia infecciosa e síndrome de apneia obstrutiva do sono são alguns dos temas que foram incluídos no programa e que serão debatidos por diversos painéis de especialistas nesta XXXI edição do Congresso de Pneumologia do Norte.
Além disto, a comissão organizadora destaca ainda a existência de uma sessão com um tema institucional: “A saúde em Portugal no pós-pandemia”. Este momento vai contar, entre outros palestrantes - como os diretores dos serviços de Pneumologia do CHUSJ e do CHVNG/E -, com a intervenção de António Correia de Campos, antigo Ministro da Saúde. “Este ano, a pandemia ficou para trás, mas as modificações que ela impôs perduraram no tempo. Isso levou-nos a considerar relevante a abordagem deste tema. Não se trata apenas de discutir o estado da saúde, mas sim de destacar o que foi alterado – não foram unicamente desafios, também surgiram oportunidades no pós-pandemia – e é importante trazer isso para a discussão”, elucidam Carla Damas e Daniela Ferreira.
No último dia, 9 de março, vão decorrer três cursos pós-congresso sobre os seguintes temas: ecografia torácica, cuidados paliativos respiratórios e infeções fúngicas. O curso sobre ecografia torácica foi reintroduzido devido ao sucesso obtido no ano anterior. Quanto aos outros dois, a comissão organizadora acredita que são também temas que vão despertar imenso interesse, e que, por exemplo, “no caso dos cuidados paliativos, no âmbito da Pneumologia, esta área tem crescido significativamente, especialmente no que diz respeito às neoplasias pulmonares, expandindo-se para abranger todas as áreas da Pneumologia – desde doentes neuromusculares até aqueles com DPOC em estadios mais avançados”.