Agência Nacional de Inovação

Ciclo de webinares regionais debatem boas práticas de transferência de tecnologia e conhecimento

Portugal está acima da média da União Europeia em número de publicações científicas em coautoria fora do espaço comunitário, no número de estudantes internacionais de doutoramento, no registo de marcas comunitárias, no emprego em empresas de elevado crescimento de setores inovadores, entre outros indicadores monitorizados no último European Innovation Scoreboard. Falta agora ao país transformar estes ativos em valor económico.

É com o objetivo de analisar e debater as redes de transferência de tecnologia e conhecimento em Portugal, bem como boas práticas europeias nesta matéria que a Agência Nacional de Inovação (ANI) organiza, nos próximos dias 13, 17 e 20 de maio, três webinares, focados nas regiões Norte, Centro e Alentejo, respetivamente. Com esta iniciativa pretende-se contribuir para impulsionar uma maior transferência e valorização do conhecimento produzido no país.

Nestes eventos online serão apresentados e debatidos dois estudos organizados pela ANI: “Redes e Dinâmicas de Transferência de Conhecimento em Portugal” e “Boas práticas internacionais de Transferência de Conhecimento em Portugal”.

O primeiro estudo faz a caracterização dos projetos em co-promoção (projetos de empresas desenvolvidos com outras empresas ou restantes entidades do Sistema de Inovação e Investigação) apoiados no âmbito Sistema de Incentivos “Investigação e Desenvolvimento Tecnológico”, tanto no período 2007-2013, em que esteve em vigor o QREN, como de 2014 em diante, no âmbito do Portugal 2020.

São ainda analisadas as redes de transferência e valorização de conhecimento associadas a estes projetos e o respetivo alinhamento com as estratégias nacional (ENEI) e regional (EREI) de especialização inteligente. Recorde-se que as estratégias ENEI e EREI estabelecem áreas prioritárias para as economias nacional e regional, as quais são apoiadas pelos incentivos em vigor. Segundo este estudo, as dinâmicas de transferência de conhecimento e tecnologia em Portugal estão em processo de intensificação, dado o aumento do número de projetos ativos ao longo do QREN e do Portugal 2020.

Em paralelo, verifica-se que a integração entre regiões em matéria de projetos colaborativos de I&DT está a aumentar, o que ajudará ao catching-up das regiões com sistemas de inovação menos densos, como Alentejo e Algarve. A maioria dos projetos em co-promoção apoiados apresenta, de acordo com a análise, um grau de inovação moderado e está globalmente alinhada com as estratégias de especialização inteligente.

A análise de redes realizada permitiu observar que a rede global nacional é povoada por uma grande proporção de empresas, mas as entidades académicas e entidades intermediárias estão também bastante presentes e com papéis centrais nas conexões da rede. A rede global exibe uma preponderância de atores de três setores de atividade: TIC, indústrias metalúrgicas e serviços empresariais. Já quando se analisa as colaborações formadas com o Portugal 2020 e as geradas pelo QREN, conclui-se que o Portugal 2020, ainda em execução, representa atualmente mais de 51% das relações analisadas, apesar de envolver a análise de um número mais reduzido de projetos.

Finalmente, os laços por região revelam que as regiões do Norte (34,28%) e do Centro (26,58%) concentram parte significativa dos projetos e que existe um número assinalável (29,75%) de ligações multirregionais.

Os domínios da ENEI mais conectados são "Materiais e matérias-primas" com "Tecnologias de produção e indústrias do produto" e com "Tecnologias de produção e indústrias do processo" e "Tecnologias de produção e indústrias do produto" com "Tecnologias de produção e indústrias do processo". De referir ainda que nas regiões com mais projetos (Norte e Centro), podem ser identificados domínios que claramente se distinguem dos restantes pelo número de projetos, nomeadamente, o domínio dos "sistemas avançados de produção" no Norte e o das "soluções industriais sustentáveis" no Centro.

Disseminação de boas práticas europeias

Por seu turno, o estudo de disseminação de “Boas Práticas Internacionais de Transferência de Tecnologia e Conhecimento” teve como objetivo recolher informação e ensinamentos de casos de sucesso de países europeus em matéria de transferência de tecnologia e conhecimento que sirvam de inspiração para a introdução de melhorias futuras no policy mix nacional, nomeadamente na criação de novos (ou melhorados) mecanismos facilitadores e promotores das dinâmicas de transferência de conhecimento e tecnologia, tendo em vista a sua valorização económica.

Segundo este segundo estudo, o sucesso na introdução de mecanismos de facilitação e dinamização da transferência de tecnologia e conhecimento depende de condições de contexto propícias e da introdução de boas práticas que se potenciam mutuamente.

O estudo conclui ainda que o conceito de hélice quádrupla e a adoção de estratégias de especialização inteligente estão presentes de forma transversal e propiciam resultados reconhecidos ao nível da transferência de tecnologia e conhecimento, mas também da sua valorização no mercado.

Fonte: 
Pure
Nota: 
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