Células estaminais e plasma rico em plaquetas cicatrizam úlcera de pressão em doente hospitalizado
O estudo relata o caso clínico de um doente de 49 anos que, após 14 dias de hospitalização devido a uma cirurgia, desenvolveu uma úlcera de pressão de Grau I (pouco grave) no calcanhar direito. Apesar de várias medidas preventivas e tentativas de tratamento, o tamanho e a profundidade da úlcera de pressão acentuaram-se, o que provocou, após 130 dias de internamento, uma lesão profunda dos tecidos na zona da ferida (passando para Grau IV – mais grave).
Perante a gravidade da lesão e a falta de resposta às abordagens terapêuticas usadas, a equipa médica optou por recorrer a um tratamento experimental que combina células estaminais mesenquimais do cordão umbilical (UC-MSCs) e plasma rico em plaquetas (PRP) obtido a partir de sangue do próprio doente (autólogo). Esta combinação foi administrada através de injeção intradérmica nas margens da úlcera.
Após uma única aplicação deste tratamento, a ferida foi coberta com um penso transparente e antiaderente, não tendo sido utilizados cremes ou pensos com ação cicatrizante. O doente foi mantido em vigilância durante 47 dias e a condição da lesão foi avaliada diariamente. Quatro dias após a aplicação da terapia, observaram-se sinais de cicatrização progressiva da úlcera de pressão. Nos 33 dias seguintes, foi observada a formação de novos tecidos, e ao 47º dia a ferida estava praticamente cicatrizada, tendo a dor diminuído. Durante os 12 meses de acompanhamento, o doente não apresentou nenhum evento adverso, tendo-se assistido a um processo de cicatrização que foi acompanhado por um aumento da formação de novos vasos sanguíneos na área da ferida.
“As características anti-inflamatórias, angiogénicas e regenerativas das células estaminais mesenquimais conjugadas com as propriedades cicatrizantes e regenerativas do PRP posicionam esta terapia como uma abordagem promissora para o tratamento de feridas de difícil cicatrização. Este caso representa mais um avanço na investigação por novas formas de tratamento de feridas crónicas”, destaca Carla Cardoso, Diretora do Departamento de I&D da Crioestaminal.
Segundo os autores do estudo, este tratamento experimental foi bem tolerado, seguro e eficaz. Contudo, são necessários mais estudos em grande escala, para confirmar a eficácia da utilização de células estaminais mesenquimais ou PRP, isoladamente ou em combinação, e para determinar o melhor plano para a sua aplicação, de modo a melhorar a sobrevivência e qualidade de vida dos doentes com feridas de difícil cicatrização.