Cancro do pulmão está a aumentar entre as mulheres da geração Millennials
Apesar de historicamente o cancro do pulmão ter sido sempre mais prevalente no género masculino, nos últimos 40 anos os homens tiveram uma redução de 36% em novos diagnósticos, enquanto as mulheres tiveram um aumento de 84%. Esta tendência foi fortemente desencadeada pelas campanhas da indústria tabaqueira que, até há alguns anos, influenciava subliminarmente as jovens ao dizer que para serem «modernas» ou «iguais aos homens» deviam fumar”.
Um dado particularmente preocupante é que, nos últimos anos, o cancro do pulmão tem vindo a aumentar nas mulheres jovens. Na faixa etária compreendida entre os 30 e os 49 anos, ultrapassa já a incidência dos homens em vários países desenvolvidos. Neste subgrupo, existe uma importante percentagem de mulheres com cancro do pulmão que não são fumadoras, reforçando assim a importância de outros fatores para além do tabagismo.
O fumo passivo, por exemplo, é um fator de risco relevante para mulheres não fumadoras, visto que 64% das mortes por cancro do pulmão associadas ao fumo passivo correspondem a mulheres. Está ainda a ser estudada a hipótese de as mulheres poderem ter diferentes fatores de risco genético para cancro de pulmão, como não serem capazes de reparar o ADN danificado ou terem genes anormais relacionados com o desenvolvimento de cancro. Também está a ser investigada a eventual influência de fatores hormonais, como é o caso do papel dos estrogénios.
“Neste Dia Internacional da Mulher queremos sensibilizar o público em geral, e em particular o feminino, para esta tendência preocupante. Uma vez que as mulheres jovens não fumadoras não são habitualmente consideradas como parte do grupo de risco para esta patologia, é importante reconhecer os sintomas que devem motivar o recurso ao médico, bem como realizar check-ups regulares que, por sua vez, vão possibilitar diagnósticos precoces com maiores probabilidades de sucesso e cura”, refere Carina Gaspar, pneumologista e membro do GECP.
Com esta campanha o GECP pretende ainda alertar que não fumar continua a ser a melhor maneira de evitar o cancro do pulmão. Além do tabaco, também os novos dispositivos, como os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido, devem ser evitados. Limitar o tempo que se passa em espaços onde se fica exposto ao fumo passivo é outra das recomendações do GECP, bem como praticar exercício físico e optar por uma alimentação equilibrada.
“A somar a todos os benefícios que deixar de fumar traz à nossa saúde, nunca é demais relembrar que a cessação tabágica também provoca mudanças visíveis em alguns aspetos físicos, tais como a aparência da pele, o cabelo mais brilhante e os dentes menos amarelos”, acrescenta Carina Gaspar.
Para o GECP é ainda essencial que toda a comunidade médica, e em especial a Medicina Geral e Familiar, esteja fortemente envolvida na prevenção e diagnóstico precoce desta patologia, uma vez que, para já, ainda não existe nenhum rastreio implementado a nível nacional. É também importante a adoção de medidas que continuem a desincentivar a iniciação do consumo e a promover a cessação tabágica.