Campanha “Olhe pelas Suas Costas” alerta para a importância do acesso ao tratamento das doenças da coluna
O tema escolhido para 2022 enfatiza a diversidade da dor e da incapacidade causadas por problemas na coluna, bem como o impacto social e económico destas patologias, assim como a necessidade de garantir o acesso a tratamentos adequados. Atualmente há cerca de 540 milhões de pessoas no mundo que sofrem de dores nas costas e esta continua a ser a principal causa de anos vividos com incapacidade.
“Viver com dores ou lesões nas costas acarreta vários desafios para quem delas sofre e diminui substancialmente a qualidade de vida, podendo até significar faltas frequentes ao trabalho. É crucial alertar para esta condição e garantir o acesso ao tratamento adequado, sem o qual a dor se pode tornar crónica ou a deformidade permanente”, alerta Bruno Santiago, neurocirurgião e coordenador nacional da Campanha Olhe Pelas Suas Costas.
O Dia Mundial da Coluna, uma iniciativa da Aliança Global para a Saúde Musculoesquelética organizada pela Federação Mundial da Quiroprática, assinala anualmente a importância da saúde e do bem-estar da coluna. Tem como objetivos promover a atividade física, a postura correta, o levantamento de pesos responsável e as condições de trabalho saudável, alertando para a falta de cuidados em algumas regiões do mundo.
“Mesmo em países desenvolvidos, como Portugal, esta é uma patologia que resulta num impacto enorme a nível psico-socioeconómico”, explica Bruno Santiago, acrescentando: “É imperativo olhar pelas suas costas, através de cuidados essenciais como evitar inatividade física, não sobrecarregar a coluna com peso e adotar hábitos de vida saudáveis, como não fumar ou praticar uma alimentação equilibrada.”
A patologia da coluna vertebral, que afeta cerca de 150 mil portugueses, é hoje a principal causa de anos vividos com incapacidade em todo o Mundo. Cerca de 80% da população terá pelo menos uma crise de dor nas costas ao longo da sua vida. Estes são episódios habitualmente benignos, resolvendo-se espontaneamente, através de medicação ou de outros cuidados. No entanto, se a dor for persistente ou afetar a perna ou o braço, é importante procurar ajuda do médico assistente para um diagnóstico e tratamento adequados.
“Em alguns casos, a cirurgia é o tratamento indicado, sendo que, hoje em dia, é já possível realizá-la de forma pouco invasiva, através da evolução tecnológica que se tem registado nesta área. Muitas vezes, o doente recebe alta nas primeiras 24h, sendo esta uma cirurgia extremamente segura e com risco de complicações muitíssimo baixo”, remata.
Segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet, embora reconhecida como um importante desafio socioeconómico e de saúde, com expectativa de aumento na prevalência, a dor lombar continua a ter um enorme potencial de melhoria tanto no diagnóstico como nos tratamentos. Já os futuros estudos sobre dor lombar devem concentrar-se em melhorar a precisão e objetividade das avaliações diagnósticas e desenvolver algoritmos de tratamento que considerem fatores biológicos, psicológicos e sociais únicos.
As dores nas costas podem afetar qualquer um dos segmentos da coluna e a intensidade, a frequência e as características destas são variáveis. Existem três tipos de dores: cervicalgia, dorsalgia e lombalgia, consoante a área do tronco afetada, sendo esta última a mais comum.
Ainda este mês, a Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) vai realizar o seu XI Congresso, entre os dias 27 e 29 de outubro, no Tivoli Oriente, em Lisboa. O evento destina-se a médicos especialistas no tratamento das doenças da coluna vertebral e tem como objetivo abordar temas atuais e de interesse a todos os participantes, incluindo as patologias mais frequentes e a inovação e novas tecnologias relacionadas com o tratamento cirúrgico.