Aumento de custos de energia compromete produção de medicamentos
Para a presidente da APOGEN, Maria do Carmo Neves, “caso não sejam implementadas medidas urgentes para assegurar a sustentabilidade da cadeia de produção dos medicamentos genéricos e biossimilares, é o acesso dos cidadãos à saúde que está comprometido. O aumento da inflação e dos preços da energia tem um impacto negativo na disponibilidade de medicamentos genéricos e biossimilares. A situação é particularmente grave pois põe em causa o acesso a medicamentos considerados essenciais.
Para além disso, a indústria farmacêutica continua a ser fortemente penalizada pela manutenção das medidas introduzidas aquando da crise financeira de 2011-2014, em concreto a aplicação da Contribuição Extraordinária sobre a Indústria Farmacêutica que, desde 2015, penaliza particularmente as empresas de medicamentos genéricos e biossimilares.
Os níveis recorde atingidos em 2022 nos preços do gás e da eletricidade comprometem o regular funcionamento das cadeias de abastecimento, afetam o fabrico de medicamentos e agravam as condições de sustentabilidade do sector. Esta situação ameaça o fornecimento de medicamentos e os esforços da indústria farmacêutica em investir no fabrico na Europa, como refere uma carta aberta da Medicines for Europe, dirigida ontem aos ministros europeus da Energia, comissários europeus e parlamento europeu.
A APOGEN partilha das preocupações manifestadas pela Medicines for Europe e suporta as medidas propostas, considerando urgente que sejam implementadas medidas para assegurar a sustentabilidade de toda a cadeia de produção dos medicamentos genéricos e biossimilares. “Os associados da APOGEN têm, neste momento, sérias dificuldades em garantir a produção de muitos medicamentos essenciais porque sucessivamente os governos ignoraram fatores como a sustentabilidade do sector”, afirma Maria do Carmo Neves.
Com o objetivo de combater a possibilidade de mais ruturas de medicamentos num futuro próximo, a prioridade da APOGEN, sublinha em comunicado, "é garantir a aplicação de medidas que promovam mais eficiência no acesso a terapêuticas custo-efetivas designadamente através da suspensão da Contribuição Extraordinária sobre a Indústria Farmacêutica e da mitigação de políticas de contenção dos preços dos medicamentos".