Apenas 20% dos profissionais de saúde infetados estavam na linha da frente do combate à Covid-19

Um estudo observacional, retrospetivo, unicêntrico, promovido pelo Núcleo de Investigação em Enfermagem, em parceria com o Serviço de Saúde Ocupacional do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Portugal (CHUC), foi recentemente publicado na revista internacional “Infection Prevention in Practice”ieditada pela Healthcare Infection Society.
Com o objetivo de avaliar a incidência e prevalência da infeção por SARS-COV-2 entre os profissionais de saúde e analisar os fatores de risco e as características clínicas entre os infetados, o estudo revela que 211 dos seus profissionais, de um universo de 8037, foram infetados com o novo coronavírus. Ou seja 2,63%.
Entre os profissionais de saúde infetados, apenas 20,9% (n=44) eram da “linha da frente”. Tanto os profissionais de saúde da “linha da frente” como os que não estão na “linha da frente” foram expostos principalmente a doentes (48,6% em ambos os grupos).
O estudo permitiu ainda constatar que os profissionais que não estiveram na “linha da frente” foram significativamente mais infetados por colegas (10,8% vs24,8%, p=0,04). Já os que estiveram na “linha da frente” realizaram mais isolamento familiar do que os restantes (88,9% vs 82,5%, p>0,05) e presumivelmente menos membros da família foram infetados no primeiro grupo (19,4% vs 26,3%, p>0,05). A proporção de profissionais de saúde com infeção assintomática foi estatística e significativamente menor na linha da frente (2,4% vs 19,9%, p=0,05).
Foram implementadas ações de prevenção e controlo que se comprovou serem eficazes na atenuação da pandemia da COVID-19, cujas infeções ocorreram principalmente nas fases iniciais. Os profissionais de saúde que não estiveram na “linha da frente” apresentaram um risco mais elevado, justificando uma atenção e intervenções específicas dirigidas a este grupo.
Os dados para este estudo foram recolhidos entre 1 de março e 30 de Junho do corrente ano em que foram analisadas retrospetivamente as especificidades epidemiológicas, de exposição, de informação clínica e de tratamento, utilizando fontes complementares de dados, coligidos pelos Serviços de Saúde Ocupacional e de Gestão dos Recursos Humanos do CHUC.