APED lembra as dores mais comuns na gravidez e cuidados a ter para evitar que persistam após o parto
No verão, com temperaturas altas e excesso de luminosidade e humidade, as crises e dores de cabeça são mais comuns. Durante a exposição ao sol, o centro modulador de dor é ativado e há uma maior dilatação das artérias das meninges e do córtex cerebral, o que leva ao surgimento de uma crise.
• Dores de cabeça:
As dores de cabeça ou cefaleias são comuns durante a gravidez, sobretudo no primeiro trimestre. Ocorrem como consequência de um aumento da produção das hormonas sexuais, da pressão arterial alta ou do aumento da tensão nervosa. Por vezes, pode ocorrer uma diminuição temporária da pressão arterial, causando hipotensão que, associada a uma hipoglicemia, é responsável por dores de cabeça associadas a enjoos.
• Dor na parte inferior do abdómen ou virilhas:
Estas dores são mais frequentes a partir do segundo trimestre e ocorrem quando os ligamentos e os músculos que envolvem o útero são esticados e ganham expressão à medida que a gravidez avança. Caracterizam-se por serem dores curtas, fortes e lancinantes, mas também dores contínuas que sentidas na parte inferior do abdómen ou das virilhas. A melhor forma de aliviar esta dor consiste em a grávida mover-se lentamente e ir alternando a sua posição.
• Dor nas costas:
Surgem na sequência do aumento da tensão nas costas. Para aliviar as dores nas costas, é aconselhável usar calçado confortável, evitar longos períodos em pé, corrigir a postura ao dormir ou ao sentar-se, não fazer esforços ou transportar/ levantar objetos pesados. Por vezes, a partir da segunda metade da gravidez, podem ocorrer contrações ocasionais do útero, as chamadas contrações de Braxton-Hicks. Embora sejam pouco frequentes, irregulares e não provoquem dor, estas contrações podem estar associadas a dor na zona inferior das costas.
• Dor nas pernas e pés:
As dores e os incómodos nos pés surgem em consequência do aumento de peso que ocorre ao longo da gravidez. Além disso, as hormonas que surgem durante a gravidez relaxam os ligamentos da zona inferior das costas e os dos joelhos, tornando-os mais vulneráveis a lesões. Em consequência do aumento do tamanho do útero, este pode exercer pressão sobre alguns nervos, o que causa endurecimento e sensação de formigueiro tanto nos pés como nas mãos. Esta sensação é bastante frequente, mas desaparece após o parto.
• Dor mamária e dor uterina:
O útero é um órgão muito elástico, um músculo que dilata com a evolução da gravidez, podendo provocar desconforto. Também os seios da mulher aumentam de tamanho, tornando-os mais pesados e sensíveis.
Segundo Ana Pedro, Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), “neste Dia Mundial da Grávida é importante lembrar que as dores associadas à própria gravidez e que muitas vezes geram ansiedade e receio por parte das futuras mães, devem ser igualmente acompanhadas pelo médico para que não se prolonguem além deste período. Muitas vezes, resultante de esforços ou má postura durante a gravidez, surgem outros problemas mais complexos no futuro”.
A maioria das dores sentidas durante a gravidez são fisiológicas e surgem na sequência da própria gravidez, mas outras dores podem ser patológicas e desencadeadas por infeções ou doenças. A maioria das perturbações que causam dor durante a gravidez têm resolução, mas devem ser acompanhadas clinicamente. A grávida deve alterar alguns hábitos, atividades e posições para aliviar ou evitar agravar a dor. Noutros casos, caminhar pode aliviar a dor, bem como fazer exercícios de relaxamento e alongamentos.