APDP defende que seja implementada uma Resolução Nacional da Diabetes em Portugal
“A adoção desta declaração comprova, uma vez mais, que, mesmo com todos os esforços que têm sido feitos, existe ainda um longo caminho a percorrer para abordar eficazmente a diabetes. Temos de criar parcerias e estabelecer um plano de ação com estratégias bem sustentadas para que se consiga progredir de forma relevante. E é isso mesmo que a APDP pretende ao apelar aos políticos para que seja implementada uma Resolução Nacional para a Diabetes em Portugal.”, explica João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP e membro do Board of Directors da IDF Europa.
Já no passado dia 17 de novembro, a APDP tinha levado à Assembleia da República a sessão ‘O drama da diabetes. Porque é que precisamos de uma Resolução Nacional?’. Em colaboração com a Comissão de Saúde e os eurodeputados portugueses, a APDP abordou temas como os fatores que determinam o aparecimento da diabetes e os que podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações, da prevenção da diabetes ao combate às suas consequências, envolvendo dez Comissões Parlamentares numa discussão onde ficou saliente a necessidade da criação de uma Resolução Nacional sobre Diabetes, à semelhança da Resolução Europeia aprovada no Parlamento Europeu a 23 de novembro de 2022.
"Atualmente, mais de 40% dos portugueses entre os 20 e os 79 anos vivem com diabetes ou pré-diabetes, uma doença que, em 2021, custou a Portugal 0,8% do Produto Interno e 7% da despesa em Saúde. Estamos a falar de milhões de euros, e isto sem incluirmos já as cerca de 2 milhões de pessoas que têm pré-diabetes, um número que contribuirá para o agravamento desta despesa caso não seja adotado um plano de ação consistente que trave este aumento.”, alerta José Manuel Boavida, presidente da APDP.
Organizada conjuntamente pela OMS Europa e pela IDF Europa em Belgrado, na Sérvia, nos dias 28 e 29 de novembro, a Cimeira Técnica de Alto Nível (HLTS) sobre a diabetes juntou peritos, profissionais de saúde e pessoas que vivem com diabetes. Reuniu cerca de 170 pessoas, presencialmente e online, incluindo membros de associações nacionais de diabetes e 35 Ministros da Saúde, ou seus representantes, dos Estados-Membros da OMS Europa. Os participantes fizeram um balanço e partilharam as suas perspetivas sobre a prevenção, deteção e diagnóstico da diabetes, a qualidade dos cuidados, a prevenção das consequências e a igualdade de acesso a um tratamento e acompanhamento de qualidade.
Apesar dos esforços, o número de pessoas que vivem com diabetes na Região Europeia da OMS continua a aumentar e com grandes desigualdades no acesso aos serviços de saúde. De acordo com as estimativas da IDF Europa, um terço das pessoas com diabetes permanece por diagnosticar e cerca de metade pode não atingir os seus objetivos de tratamento.
Em consonância com a Resolução 74.4 da 74.ª Assembleia Mundial da Saúde sobre a redução do peso das doenças não transmissíveis (DNT), a Declaração Conjunta apela aos Estados-Membros para que tomem novas medidas para fazer face à diabetes, incluindo a aplicação de abordagens que envolvam todo o Governo e a sociedade. Defende assim o aumento da prioridade atribuída à prevenção e ao controlo da diabetes, a consolidação das medidas políticas e regulamentares, o aumento da sensibilização para o peso da diabetes na saúde pública nacional, o assegurar de uma atenção contínua no que diz respeito ao tratamento e aos cuidados e a melhoria da prevenção e do controlo da diabetes ao longo da vida. Além disso, salienta a necessidade de reforçar os sistemas de saúde, aumentar a literacia em matéria de saúde e melhorar a monitorização e a avaliação das respostas à diabetes.
Segundo a IDF Europa, a HLTS poderá ser um passo em frente para uma resolução mais alargada e abrangente da OMS Europa, a ser votada no Conselho Regional em 2024, em Genebra, na Suíça.