ANEM lança propostas para combater as carências financeiras dos estudantes de Medicina
A iniciativa tem como propósito contribuir para atenuar as despesas dos estudantes com a frequência do Mestrado Integrado em Medicina e prevê a criação de protocolos entre cada Escola Médica, respetivos Hospitais Nuclear e Afiliados, e Associação/Núcleo de Estudantes. Estes poderão ser alargados a outros parceiros estratégicos e sociais da região abrangida.
A ANEM e o CEMP reconhecem que a melhoria das condições de frequência da formação em Medicina se estabelece como um indicador da excelência da prática da Medicina no país.
Para Rita Ribeiro, Presidente da ANEM, as instituições de ensino superior assumem um papel fundamental na formação de jovens capazes, informados e dotados de competências essenciais ao desenvolvimento social e económico do país. “Urge por isso repensar e refletir sobre as implicações financeiras da frequência universitária de um estudante de Medicina que, às despesas basais - propina, habitação (no caso de estudantes deslocados), taxas e emolumentos -, a natureza do curso acrescenta outras bastante consideráveis”, afirmou.
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina elaborou um dossier que entregou no Ministério da Juventude e Modernização, do qual fazem parte propostas concretas, mensuráveis e realistas para colmatar os encargos extra do curso de Medicina, suportados pelos estudantes. Na sequência desta exposição, a ANEM deverá reunir em data próxima com a Secretária de Estado Adjunta e da Igualdade, Carla Mouro.
Os encargos de que ninguém fala
Em março, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina efetuou uma recolha aprofundada de dados sobre as implicações financeiras da frequência dos estudantes de Medicina no Ensino Superior.
E, em primeiro lugar, a ANEM reteve que, no que respeita à formação teórica, a recomendação para aquisição de material bibliográfico, enquadrado nas diversas unidades curriculares, ultrapassa a oferta disponível nas bibliotecas escolares e municipais, sendo os estudantes obrigados a suportar os custos extra dessa literatura aconselhada.
Por outro lado, a ANEM assinalou também que as despesas acrescidas dos estudantes com os estágios clínicos obrigatórios são suportadas pelos jovens e respetivas famílias. Os estágios requerem equipamento de proteção individual, nomeadamente bata ou farda, e a utilização de estetoscópio individual, cujos custos ficam a cargo dos estudantes, com exceção da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto que suporta o valor das batas/fardas.
Por último, o ensino clínico/estágios, imprescindível à formação médica, requer transporte para hospitais e estabelecimentos de prestação de cuidados de saúde primários, cujas distâncias da universidade podem atingir os 90 km (uma hora de distância). Este transporte constitui um custo extra que o estudante deve considerar. Ademais, tendo os estágios clínicos diários uma duração considerável, é expetável que os estudantes se alimentem nestes locais, que não apresentam preços sociais, e que suportem também estes custos extra.