Alzheimer Portugal reivindica resposta nacional integrada para as Demências
O lançamento público deste manifesto, que marca o arranque do programa de atividades da Associação no âmbito do mês que assinala o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, surge na sequência da apresentação do documento aos grupos parlamentares que constituem a atual legislatura, com o objetivo de sensibilizar a classe política para um conjunto de prioridades de atuação que devem ser consideradas ao nível da formulação e aplicação de políticas públicas que visem responder aos crescentes desafios na área das Demências.
De acordo com o documento hoje divulgado, a resposta para uma melhoria efetiva da qualidade de vida de quem vive com Demência e das respetivas famílias e cuidadores terá de passar pela adoção de quatro princípios-chave: priorizar, concretizar, consciencializar e aproximar.
Como primeiro passo, a Alzheimer Portugal destaca a urgência de fazer da Doença de Alzheimer e outras Demências uma prioridade social e de saúde pública em Portugal, tendo em conta não só o número de pessoas que vivem atualmente com Demência no país, mas também as estimativas de aumento da sua prevalência e consequente impacto. Para o conseguir, a Associação refere ser perentória e premente a concretização no terreno dos Planos Regionais de Saúde para as Demências, já aprovados em dezembro do ano passado e identificados no Plano de Recuperação e Resiliência português como um objetivo a implementar, no sentido de promover, segundo esse mesmo documento, “uma sólida resposta intersectorial às pessoas que vivem com demência, às suas famílias
e cuidadores, tirando partido das iniciativas que já existem com resultados positivos”.
À parte da atuação política, o manifesto ‘Pela Memória Futura’ refere igualmente a necessidade de promover a consciencialização da sociedade, cuidadores informais, bem como profissionais de saúde e da área social, como forma de eliminar o desconhecimento e o estigma e, por conseguinte, melhorar a prevenção, o diagnóstico atempado, e as intervenções e apoios dados às pessoas com Demência e respetivas famílias e cuidadores.
O manifesto sinaliza ainda a importância de se promover uma maior articulação e integração da resposta à Demência, em particular, de se garantir que um percurso específico de cuidados esteja acessível, de forma próxima, contínua e equitativa, a todas as pessoas com Demência e suas famílias e cuidadores. Para isso, a Associação aponta como medidas necessárias: a eliminação das assimetrias entre regiões no que respeita aos cuidados e apoios prestados; a criação de ligações ágeis entre os cuidados de saúde primários, hospitalares e continuados, que acompanhe a pessoa desde os primeiros sinais da doença até aos cuidados de fim de vida; e, por fim, o envolvimento do setor social com o setor da saúde, assim como uma maior articulação com as autarquias locais, de forma a alcançar respostas mais eficazes e ajustadas às diferentes realidades familiares e locais.
Para Maria do Rosário Zincke dos Reis, Vice-Presidente da Alzheimer Portugal, “a decisão de apresentar o nosso Manifesto à sociedade decorre da nossa missão. Com efeito, cabe-nos como IPSS e associação de doentes chamar a atenção para as lacunas que ainda persistem no apoio às Pessoas com Demência e suas famílias desde os primeiros sintomas e no exercício efetivo dos seus direitos ao longo do curso da doença”.
E acrescenta: “É por isso imperativo que a nossa sociedade como um todo – políticos, profissionais de saúde e do setor social, e população – reconheça as Demências como uma prioridade social e de saúde pública, de modo a conseguirmos acelerar a concretização de uma resposta específica, integrada e eficiente para melhorar a qualidade de vida de quem vive com a doença e de quem cuida, e a reduzir o seu impacto para a sociedade.”