Algarve vai ter Centro Oncológico inovador
Será uma mais-valia para os cuidados de saúde já que permitirá concentrar num único edifício todo o processo, desde a fase de diagnóstico, passando pela definição de terapêutica, até ao tratamento e seguimento dos doentes nas suas diversas valências clínicas. “Trata-se de uma solução que não existe atualmente na região sul. É um projeto inovador já que iremos ter tudo integrado com a investigação”, sublinhou Ana Varges Gomes, presidente do conselho de administração do CHUA.
O edifício, que irá localizar-se nas imediações do futuro Hospital Central do Algarve, com o propósito de poder vir a fazer a ligação entre as duas unidades de saúde, concentrará toda a capacidade de diagnóstico, com especialidades como a medicina nuclear, anatomia patológica, cardiologia ou patologia clínica, dentro da mesma instituição. Por outro lado, em termos de tratamento, integrará, entre outros, equipamentos de radioterapia, medicina hiperbárica, ressonância ou um bloco operatório com capacidade para fazer radioterapia intraoperatória
A investigação será outro dos elementos diferenciadores e que poderá ser motivo para atrair e fixar mais profissionais na região até porque “as equipas serão maiores”. O edifício contará com uma área exclusiva para laboratórios para investigação, os projetos serão apresentados e serão convidadas equipas de investigadores, nacionais ou estrangeiras, para se juntarem ao Centro.
Ana Varges Gomes destacou também “a componente humana na avaliação dos cuidados” já que haverá espaço para os doentes aqui permanecerem durante a realização dos seus tratamentos, “sem terem de andar de um lado para o outro”. “Há muitos doentes que vêm de fora e que têm de se deslocar, seja em viatura própria ou em transporte de ambulância, diariamente, de segunda a sexta-feira, para fazer tratamentos de radioterapia. Mais aqui vai ser possível eles ficarem”, explicou.
Em suma, além da comodidade e celeridade no tratamento para os doentes oncológicos, muitos deles obrigados hoje a deslocarem-se a Lisboa ou até mesmo a Sevilha por falta de resposta na região, o ganho de tempo em termos de diagnóstico poderá “salvar vidas”.
O Centro terá capacidade para receber entre 2 a 3 mil novos doentes por ano, não só da região do Algarve, mas também do Alentejo e mesmo espanhóis da zona raiana que tenham necessidade destes serviços.
Segundo a responsável da unidade hospitalar algarvia, o concurso público internacional será lançado muito em breve.
A construção e equipamento significarão um investimento de 14 milhões de euros. O presidente da CCDR Algarve garantiu a elegibilidade do projeto, no âmbito do PO Algarve, e a tipologia do investimento no sentido de serem mobilizados 9 milhões de euros para o projeto. A restante verba ficará a cargo do próprio CHUA.
José Apolinário sublinhou o contributo dos dois municípios para responder a uma necessidade da região e referiu que o financiamento deste investimento se fundamenta na “necessidade de corrigir desigualdades em termos de acesso à prevenção e luta contra o cancro na região”.
O autarca de Loulé, Vítor Aleixo, que preside à Associação de Municípios, quis realçar o facto de este ser um equipamento integrado no Serviço Nacional de Saúde, em que “a propriedade e exploração não podem, a título algum, vir a ser cedidas a entidades terceiras fora do SNS”, de acordo com o clausulado no protocolo. “O perímetro da operação ficará blindado ao SNS, não haverá aqui soluções de transição em que depois sejam entidades externas às entidades públicas a operar”, reiterou.
O responsável do Município de Loulé alertou ainda para, a partir deste momento, a necessidade de empenho por parte do CHUA no projeto e em fazer a obra. “Há financiamento, há vontade política, e isto só depende das entidades regionais, o que é uma vantagem, ao contrário do Hospital Central que depende muito da administração central”, referiu.
“Este Centro Oncológico é algo que o Algarve em particular precisava há muito tempo”, considerou, por seu lado, Rogério Bacalhau, autarca de Faro e presidente da Assembleia Geral da Associação de Municípios Loulé-Faro. O edil farense relembrou o papel da Associação Oncológica do Algarve no tratamento, que há 30 anos “veio, de alguma forma, tapar uma lacuna que existia no Algarve, que teve um papel fundamental na prestação de serviços a estes doentes, mas é preciso ir muito mais além e hoje estamos aqui a dar esse passo, com este equipamento ficaremos muito melhor servidos”.