Afinal parece ser “seguro e eficaz” combinar as vacinas da AstraZeneca e da Pfizer

Para perceber se seria seguro ou não combinar as duas vacinas, uma equipa de investigadores do Instituto de Saúde Carlos III, em colaboração com Hospitais Clínicos De Madrid; Clínic e Vall d'Hebron em Barcelona e El Hospital de Cruces de Vizcaya, recrutaram 678 pessoas que receberam uma dose da vacina da AstraZeneca e que nunca teriam contraído a infeção provocada pelo novo coronavírus. Destes, 442 foram incluídos aleatoriamente no grupo experimental e, portanto, receberam a vacina Pfizer oito a 12 semanas após a primeira dose de AstraZeneca. Os restantes 221 integraram o grupo de controlo não tendo recebido a vacina.
De acordo com os dados apresentados, e brevemente serão publicados numa revista científica de alto impacto, a administração de uma dose de reforço da Pfizer após uma primeira dose com a AstraZeneca “é segura, eficaz e oferece bons níveis de proteção”, sublinharam os investigadores.
"O númeoro de anticorpos do tipo IgG excedem mais de 150 vezes na linha de base e os anticorpos neutralizadores são aumentados sete vezes [em relação ao grupo de controlo]", explicou María Teresa Pérez Olmedo, chefe do Laboratório de Serologia do Centro Nacional de Microbiologia, o centro que tem agido como o laboratório central do ensaio.
Embora este estudo não tenha vindo a comparar a eficácia da combinação de dose de AstraZeneca e Pfizer com os efeitos da administração de duas doses de AstraZeneca, os investigadores observaram que estudos anteriores, como o ensaio de fase II realizado com AstraZeneca, mostraram um nível mais baixo no aumento dos anticorpos neutralizantes com o padrão AstraZeneca. Em todo o caso, recordam que "a comparação entre estudos está sempre sujeita a limitações", pelo que apenas sublinharam que as conclusões preliminares do seu trabalho mostram uma boa resposta imunitária "em caso algum inferior" à demonstrada por outras opções de vacinação.
O ensaio também demonstrou um bom perfil de segurança da combinação. O efeito adverso mais frequente (88%) foi a dor no local da injeção. 40% também mostrou desconforto geral e dor de cabeça, 25% calafrios e apenas 2,5% reportou febre. Os sintomas não persistiram para além do terceiro dia após a vacinação e nenhum participante precisou ser hospitalizado devido a estes efeitos (68% consideraram os seus efeitos secundários como ligeiros). Ao contrário da pesquisa recentemente publicada no The Lancet, o ensaio não observou o aumento de reações leves e moderadas após a combinação de vacinas.
Durante a apresentação dos resultados, os investigadores recordaram que, embora esta seja uma hipótese plausível, as suas conclusões preliminares não podem ser extrapoladas para outras vacinas baseadas no RNA mensageiro. Segundo a equipa de investigação, embora partilhem mecanismos de ação, teria de ser realizado um estudo específico para conhecer a eficácia e a segurança da combinação da vacina da AstraZeneca com a da Moderna, por exemplo.