Adoção de IA dispara em Portugal mas setor da Saúde destaca-se por utilização mais baixa
O estudo, que ouviu 1.500 líderes empresariais portugueses, traça um quadro otimista do futuro da IA no país. Uma das suas principais conclusões revela que 70% – um número muito elevado de empresas – indica estar familiarizada com esta tecnologia, e utiliza, pelo menos, uma ferramenta de IA. Em Portugal, os benefícios da adoção de IA parecem claros. Entre as empresas que implementaram esta tecnologia, 51% relatam um aumento de eficiência; 38% sentem-se mais apoiadas na tomada de decisões e 34% identificam melhorias significativas na experiência do cliente. Estes números demonstram um impacto positivo e multifacetado da IA, bem como a identificação de vantagens, significativas, na produtividade, eficiência e competitividade das empresas portuguesas.
"Portugal tem o potencial para se tornar uma das referências europeias em IA, resultado do excelente trabalho que está a ser feito por empresas e organizações públicas. As empresas priorizam cada vez mais a inovação e eficiência, e em apenas um ano, a taxa de adoção de IA em Portugal aumentou consideravelmente", afirma Suzana Curic, Country Lead da AWS em Portugal e Espanha. "É muito gratificante para a AWS trabalhar com clientes portugueses que demonstram uma abertura tão positiva em compreender os múltiplos benefícios que esta tecnologia pode trazer aos seus negócios".
Um exemplo de uma empresa local que já está a implementar esta tecnologia de IA é a Ascendi. Esta empresa portuguesa de gestão de ativos, que presta serviços de cobrança de portagens e gere a operação e manutenção de infraestruturas rodoviárias, está a adotar tecnologia de IA e GenAI da AWS para melhorar a inteligência dos chatbots e automatizar as interações com os clientes. A Ascendi está a agilizar os procedimentos de resposta aos clientes com o apoio de uma ferramenta de inteligência artificial que analisa e resume as comunicações escritas com os mesmos.
A percentagem de empresas que acredita que a IA vai transformar os seus setores nos próximos cinco anos subiu 23 pontos percentuais, entre 2022 e 2023, situando-se agora nos 87%. E 35% preveem, mesmo, que a IA mude fundamentalmente a forma como o seu setor opera. Mas, neste momento, o impacto da IA no desempenho das empresas já é visível. O serviço e apoio ao cliente (30%), a deteção e prevenção de fraudes (29%) e a análise financeira e negociação (27%) são as principais áreas onde as empresas portuguesas recorrem à utilização de ferramentas de IA. Estes resultados mostram que a IA não é apenas uma palavra da moda, mas uma ferramenta que está a ser utilizada e a produzir resultados concretos.
Adoção de IA por setores
O estudo destaca diferenças significativas na adoção de IA entre as indústrias locais. Os serviços financeiros (78%), a indústria (66%) e as TI e Telecomunicações (65%), aparecem como setores líderes neste processo. Já o setor da saúde é o que apresenta uma taxa mais baixa de adoção de IA (52%).
A forma como a IA é aplicada entre as indústrias líderes também difere, refletindo as necessidades específicas de cada setor. Os serviços financeiros, por exemplo, destacam-se na utilização de IA para deteção de fraudes, enquanto o setor da indústria se concentra mais na criação de conteúdos. Em geral, todos os setores relatam melhorias de eficiência, e as empresas portuguesas indicam que utilizam ferramentas de IA em áreas como o serviço ao cliente, a gestão de recursos humanos, a análise preditiva e a automação de processos.
Escassez de talento qualificado
Num cenário em que as competências digitais se tornam cada vez mais cruciais para o sucesso empresarial, a cibersegurança lidera a lista de qualificações mais valorizadas pelas empresas – 30% a consideram-na prioritária, seguida de perto pela computação na cloud (27%) e pela IA generativa (26%).
Os resultados da segunda fase deste estudo destacam que 84% das empresas inquiridas consideraram as competências digitais importantes para as suas operações, e 27% afirmaram mesmo que não poderiam funcionar sem elas. No entanto, 32% revelam dificuldade em recrutar pessoas para trabalhar com IA e relatam que, em média, o processo de recrutamento de profissionais com competências digitais é muito demorado, e que se estende por quase cinco meses.
Como resultado, 76% das organizações em Portugal afirmam que estão disponíveis para pagar salários mais altos a candidatos com formação em IA.
Cerca de 69% das empresas indica que, como consequência da dificuldade em recrutar, sentiu um aumento direto nos custos operacionais; mais de um terço das organizações (36%) viram-se obrigadas a adiar a adoção de novas tecnologias, e outro terço (33%) enfrentou obstáculos na implementação eficaz das tecnologias já existentes.
Formar ou requalificar os recursos humanos já existentes é uma alternativa, no entanto, 27% das empresas indicam que esse é, também, um desafio. "Portugal caminha para um futuro digital, e as empresas locais estão a apostar na IA, que consideram uma ferramenta essencial para impulsionar a inovação e a competitividade, mas é crucial abordar o facto de que para maximizar este potencial, há que manter o foco no desenvolvimento de competências digitais. A AWS está a investir na formação de profissionais de tecnologia um pouco por todo o mundo, e também em Portugal. Apostamos no desenvolvimento de competências e conhecimentos em cloud através de diversas iniciativas – programas de formação universitária e profissional, cursos virtuais e webinars, certificações profissionais em cloud e desenvolvimento de grupos e comunidades locais", conclui Suzana Curic.