Administração do Hospital de Vila Franca de Xira admite carência de 49 enfermeiros para suprir necessidades
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A direção sindical voltou hoje a visitar o Hospital de Vila Franca de Xira, tendo reunido com o Conselho de Administração e com os enfermeiros do Bloco Cirúrgico e do Bloco de Partos. Em cima da mesa, mais uma vez, foi colocada a necessidade de escalar um enfermeiro por turno para prestar trabalho simultâneo nestes dois serviços, algo que a direção do Sindicato considera inadmissível. “Estamos a falar de áreas com necessidades específicas, em que são exigidas competências completamente diferentes e que não se compadecem com a obrigatoriedade de abandonar uma cirurgia urgente a meio para dar apoio à sala de partos ao arrepio das normas de segurança clínicas”, salienta Pedro Costa.
Aos dirigentes do SE a Administração garantiu que tal situação apenas se verifica em situações muito específicas. “Admitiram que o ideal seria ter todos os profissionais necessários para cumprir os normativos da Ordem dos Enfermeiros e dos Médicos e da própria Direção-Geral da Saúde, mas que não conseguem contratar mais ninguém por falta de resposta da tutela”, refere o presidente do SE.
Recorde-se o Hospital de Vila Franca de Xira só em junho de 2021 deixou de ser uma parceria público-privada para passar a estar sobre gestão do Estado. Fruto dessa mudança, há algumas situações a corrigir, nomeadamente a passagem de horários de 40 horas semanais para as 35 horas à semelhança de todos os hospitais públicos.
Outra das situações identificadas, refere Pedro Costa, é que “apenas 5,4% dos enfermeiros têm competências especializadas, algo que, no nosso entender, parece comprometer a assistência especializada aos utentes e nos faz duvidar se as chefias de Enfermagem têm competências técnicas para assumir as funções”.
A administração do Hospital denunciou ainda ao Sindicato a existência de uma bolsa de 2000 horas em que os enfermeiros “devem” à unidade hospitalar. “Estranhamos como é possível esta ‘dívida’ quando a própria Administração admite que faltam 49 enfermeiros e que nem sempre as equipas cumprem os rácios mínimos, necessitando para isso de recorrer de forma usual a trabalho extraordinário”, adiantou Pedro Costa.
Tal como sucede no Hospital de Braga, cuja gestão da Parceria Público-Privada era a mesma de Vila Franca de Xira, os enfermeiros da unidade ribatejana exigem o reconhecimento de prestação efetiva de serviço na meia hora posterior ao horário e que é utilizada para fazer a passagem de turno. “Não há sobreposição de turnos para transmitir informação essencial dos doentes aos colegas que vão entrar ao serviço, pelo que os enfermeiros acabam por trabalhar mais 30 minutos a uma hora, tempo nunca contabilizado e que corresponde a uma prestação efetiva de trabalho”, diz Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE.
A Administração do Hospital de Vila Franca de Xira foi ainda confrontada com as denúncias de vários enfermeiros que dizem ser alvo de pressões várias e que estiveram na origem dos pedidos de escusa de responsabilidades entregues pelos profissionais destes serviços no início deste ano. “Os responsáveis da administração disseram desconhecer tal situação, garantido pugnar pelo bem-estar de todos os profissionais e preservando os seus direitos”, conta o presidente do SE.
“Certo é que, admitiram «dificuldades na comunicação interna, no alinhamento de objetivos da organização com os colaboradores o que poderá contribuir para um acréscimo de conflitualidade”, conclui Pedro Costa.