Mercado não oferece opção de tratamento "válida" a 17% dos doentes

7 em cada 10 casos de cancro de pulmão de pequenas células apresentam doença extensa

Em Portugal, e em termos globais, cada médico acompanha, em média, na sua consulta, 20 novos casos de doentes com cancro do pulmão de pequenas células, revelam os dados de um estudo nacional realizado para a PharmaMar, que quis perceber qual a realidade, em Portugal, deste tipo de cancro que, de acordo com os dados do Registo Oncológico Nacional, corresponde a cerca de 10-13% de todos os casos de cancros de pulmão. O estudo mostra ainda que em cada 10 novos diagnósticos de cancro do pulmão de pequenas células aproximadamente sete apresentam doença extensa e três doença limitada

O mesmo estudo mostra também que entre, aqueles com doença extensa, existem 17,6% para os quais atualmente o mercado não oferece uma opção de tratamento "válida", pelo que acabam por nem sequer entrar numa primeira linha de tratamento. No caso dos doentes com doença limitada, o cenário assume uma menor dimensão, com cerca de 10% a não entrarem em tratamento. Ainda assim, de entre aqueles com doença limitada e que iniciam tratamento, 3/4 acaba por progredir para doença extensa no final da 1ª linha desse mesmo tratamento.

De acordo com os dados, recolhidos em hospitais de norte a sul do País, metade dos doentes envolvidos no estudo estão a fazer uma primeira linha de tratamento, com cerca de 37% a realizarem uma 2ª linha e os restantes 15% uma 3ª linha.

Em termos de terapêutica, as principais abordagens de 1ª linha a estes doentes são duas e, em conjunto, representam mais de 80% do total de tratamentos realizados nesta fase: são os dupletos de Platina (QT), que representam 46,2% dos tratamentos, e a imunoterapia (36,8%). No que diz respeito à 2ª linha, o tratamento realizado pelo maior número de doentes é de QT em monoterapia (46,5%), com cerca de 30% a realizarem, aqui, apenas tratamentos paliativos. Já na 3ª linha, o estudo mostra que quase metade dos doentes faz apenas tratamentos paliativos (46,2%), existindo ainda 38,5% em tratamento ativo com QT em monoterapia.

António Araújo, Diretor do Serviço de Oncologia do Centro Hospitalar Universitário do Porto, refere que “o carcinoma do pulmão de pequenas células representa cerca de 13% dos cancros do pulmão, está intimamente ligado ao consumo de tabaco e mais de dois terços dos casos apresentam-se com doença extensa. O prognóstico é sempre muito sombrio, pois mesmo no estadio limitado cerca de 75% dos doentes acabam por progredir. Para o estadio extenso, as abordagens terapêuticas são muito escassas, com progressões muito precoces, e quando falamos de segundas e terceiras linhas de tratamento o panorama é ainda mais sombrio. Por estes motivos, necessitamos de fármacos que venham trazer aumento da sobrevivência e melhor qualidade de vida a estes doentes”.

O cancro do pulmão de pequenas células é um tipo de tumor que se multiplica muito rapidamente, é muito agressivo e metastiza muito cedo para outras partes do corpo. No geral, os sintomas mais comuns de cancro do pulmão incluem tosse persistente, dor no peito, falta de ar, tosse com sangue, fadiga, perda de peso sem causa conhecida, podendo os primeiros sintomas ser ligeiros ou considerados problemas respiratórios comuns, o que costuma conduzir a um diagnóstico tardio.

 
Fonte: 
Pharmamar
Nota: 
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