Especialistas do INSA alertam para a prevalência da dor neste grupo de pessoas

34% dos jovens com Paralisia Cerebral convivem com a dor, revela estudo preliminar

Para já os dados são estes: 34% dos adolescentes com paralisia cerebral têm dor, sendo a anca a principal localização desta queixa, revela um estudo preliminar do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), parceiro do Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral (PVNPC), realizado com o objetivo de estimar a prevalência de dor em adolescentes com paralisia cerebral (PC) e avaliar o seu impacto multidimensional explorando associações com aspetos funcionais, níveis de gravidade e de complexidade do quadro clínico, e com a morbidade associada.

Este trabalho foi realizado tendo por base uma amostra de conveniência de adolescentes registados no PVNPC aos 5-8 anos de idade, nas duas regiões de Portugal com maior cobertura regional (Grande Lisboa e Alto Minho).

Segundo os dados agora divulgados, da amostra de 164 adolescentes incluídos neste estudo preliminar, apenas se obteve informação sobre a dor em 107.

Destes, 34% referiram ter dor, sendo que mais de metade destes identificaram a anca como a localização da dor, 47% (ou seja, 17 jovens) os membros inferiores, 19% a coluna e 9% os membros superiores. De acordo com os resultados obtidos, os autores deste trabalho alertam para a elevada prevalência de dor em adolescentes com PC residentes no país.

“Este estudo alerta para o impacto multidimensional da dor nos adolescentes com PC e evidencia a sua relação com múltiplos aspetos funcionais, níveis de gravidade e de complexidade do quadro clínico, bem como com morbilidade associada. Sugere-se que a gestão da dor seja vista como uma prioridade clínica estratégica na paralisia cerebral, com a implementação de modelos individualizados de avaliação e gestão da dor”, sublinham ainda os autores nas suas conclusões.

A PC é a deficiência motora mais comum na infância e engloba um conjunto amplo de condições clínicas permanentes, mas não inalteráveis, com afetação do tónus, movimento e/ou postura, devidas a interferência/lesão/anomalia não progressiva do desenvolvimento do cérebro imaturo. Apesar de existirem poucos estudos específicos sobre dor crónica na PC, esta é a comorbilidade mais consistentemente relatada em diferentes estudos envolvendo pessoas com PC, nas diferentes idades. Alguns trabalhos referem a presença de dor em 30% a 80% dos adultos com PC, e em 32% das crianças e 74% dos adolescentes.

“A dor nos adolescentes com paralisia cerebral: dados preliminares do Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral” foi publicado no Boletim Epidemiológico Observações, publicação científica periódica editada pelo INSA em acesso aberto.

 

Fonte: 
INSA
Nota: 
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