Sem médico de família

220 mil doentes com DPOC desconhecem critérios de inclusão para a vacinação contra a Covid-19

A Associação RESPIRA, com o apoio técnico da Spirituc - Investigação Aplicada, no âmbito do Plano de Vacinação contra a Covid-19, desenvolveu, em janeiro, um estudo de natureza quantitativa com o objetivo principal de conseguir ouvir, na “primeira pessoa”, a população com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. A RESPIRA tem como objetivo demonstrar quanto o processo de vacinação pode ser ambíguo junto deste grupo de risco, nos atuais moldes de referenciação.

No momento em que o estudo foi realizado os doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, de acordo com as informações disponíveis pela Direção-Geral de Saúde, deveriam aguardar o contacto das autoridades de saúde, por mensagem SMS, chamada telefónica ou Carta, para o processo de vacinação. Sendo considerados um grupo de risco e por isso prioritários neste processo, devem incluir a 1ª fase de vacinação que teve início a 27 de dezembro.

“Decidimos avançar com um Estudo junto dos doentes com DPOC em Portugal para conseguirmos aferir alguns dados relevantes que possam ajudar as autoridades competentes a tomar melhores decisões”, explica Isabel Saraiva, Presidente da RESPIRA.

O Estudo “Acesso à vacinação contra a Covid-19: O Doente com DPOC em Portugal”, que envolveu 565 pessoas com DPOC em Portugal, incluindo ilhas, permitiu aferir (extrapolando os resultados para o universo de 800 mil doentes com esta patologia no nosso país) que cerca de 81.000 doentes com DPOC não têm atualmente médico de família.

Estes números ganham maior expressão junto da população residente na área da Grande Lisboa e região Sul, onde esse valor varia mesmo entre os 15% e os 17% respetivamente.

Por outro lado, o estudo mostra que cerca de 220 mil doentes, sem médico de família ou sem o respetivo acompanhamento por parte deste profissional de saúde, não têm qualquer tipo de informação sobre os critérios de inclusão para a vacinação contra a Sars-Cov-2, sendo este grau de conhecimento é inferior nos inquiridos da região Norte e superior nos doentes que residem nas grandes metrópoles (Lisboa e Porto).

Em termos etários verifica-se que, quanto maior é a idade dos doentes, maior é o seu desconhecimento relativamente ao plano de vacinação contra a Sars-Cov-2.  

“Perante estes resultados questionamos como serão envolvidos no processo de vacinação estes cerca de 220 mil doentes que não têm qualquer informação sobre os critérios de inclusão para a vacinação contra a Sars-Cov-2? Que alternativas apresentam as autoridades competentes para o contacto e esclarecimento destes doentes, uma vez que não têm ou não são acompanhados por um médico de família? Se a idade é um fator de desconhecimento para o plano de vacinação qual o grau de eficácia do contacto por SMS e telefone com estes doentes?”, questiona Isabel Saraiva.

De acordo com as últimas informações da Direção-Geral da Saúde, as pessoas entre os 50 e os 79 anos com doenças associadas (como a DPOC) que não são seguidas pelo Serviço Nacional de Saúde devem contactar o seu médico assistente, para garantir a inclusão na primeira fase do plano de vacinação. Serão, depois, contactadas pelo centro de saúde para o agendamento da vacinação.

“No entanto, se os doentes não são acompanhados pelo médico de família e não têm informação sobre a vacinação a quem cabe a responsabilidade de os informar sobre estes procedimentos e que acompanhamento lhes garantem?” conclui Isabel Saraiva.

A Multicare associou-se à RESPIRA, na realização e promoção do estudo “Acesso à vacinação contra a covid-19: O Doente com DPOC em Portugal”.

Fonte: 
Creative Press
Nota: 
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