15 mil portugueses voltam a exigir reconhecimento da enfermagem como profissão de Alto Risco e de Desgaste Rápido
Depois de em 2023 ter entregado uma petição com mais de 30 mil assinaturas, a maior de sempre na área da Saúde, o Sindicato dos Enfermeiros espera que “finalmente o Governo e os deputados portugueses reconheçam todo o risco associado à nossa profissão e o desgaste constante a que estamos sujeitos no nosso dia a dia”, explica Pedro Costa, presidente do SE.
Na legislatura passada, interrompida a meio com a demissão do primeiro-ministro, Pedro Costa recorda que “o Parlamento criou um grupo de trabalho para avaliar esta nossa reivindicação”. “A verdade é que durante cerca de cinco anos não se conheceu qualquer trabalho visível deste grupo nem as conclusões a que tenham eventualmente chegado e que deveriam ter sido entregues na Assembleia da República até dezembro de 2023”, recorda.
Para Eduardo Bernardino, dirigente do Sindicato dos Enfermeiro e primeiro subscritor desta petição, “não faz sentido continuar a adiar mais esta decisão”. “Voltar a remeter o tema para um grupo de trabalho que estude a eventual aplicação desta medida a um conjunto de profissões é apenas mais uma desculpa para voltar a adiar esta matéria”, frisa.
A verdade é que, recorda Pedro Costa, “os enfermeiros estão sujeitos a uma pressão muito grande, exercem uma profissão com elevada complexidade e na qual têm de lidar de forma constante com a doença e até mesmo a morte, além de toda a dificuldade que é lidar com os doentes e a família em momentos de extrema fragilidade”. Adicionalmente, salienta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros, “é crescente o número de horas extraordinárias que os enfermeiros têm de fazer todos os meses, muitas vezes sem sequer conseguirem usufruir dos dias de descanso obrigatório por lei”.
“Pratica-se um horário de trabalho 24h/24h, sob a forma de turnos diurnos e noturnos, e com consequências físicas e emocionais”, sustenta o presidente do SE. Que recorda que “está comprovado, desde 2016, que um em cada cinco enfermeiros se sente em exaustão emocional, a qual se agravou ainda mais com a pandemia”.
“Os enfermeiros estão exaustos e desmotivados com toda uma exigência diária que não se reflete, desde logo, nas condições remuneratórias”, acrescenta Pedro Costa. O presidente do Sindicato dos Enfermeiros espera, por isso, que os deputados reconheçam a urgência de a enfermagem ser considerada uma profissão de alto risco e desgaste rápido, alterando, deste modo, a idade mínima da reforma.