Inscrições para rastreio da pele esgotaram em menos de um dia
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Em todo o país, 44 serviços de dermatologia estão, durante o dia de hoje, a fazer rastreios gratuitos ao cancro da pele, sendo o Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa um deles, que abriu na semana passado 90 vagas, que foram preenchidas em menos de 24 horas.
Apesar disso, o telefone continuava a tocar incessantemente com pessoas a tentarem ainda marcar o seu rastreio.
Esta preocupação, no entanto, não se traduz no dia-a-dia em cuidados de proteção e prevenção, como revela a diretora do serviço de dermatologia do IPO, Manuela Pecegueiro, que não se surpreende com a procura, já que, durante o ano, a afluência é grande por parte de pessoas com suspeitas de cancro, muitas vezes em consequência da falta de cuidado com o sol.
“É como os espetáculos de música rock, são logo esgotados no primeiro dia, mas depois vêm todos muito preocupados com o escaldão e com os cuidados a ter com o sol, mas estou convencida de que muitos não cumprem, até porque alguns têm sinais de agressão solar, mesmo não tendo cancros da pele”, afirmou.
Por isso, sublinha que o principal objetivo do rastreio é transmitir a mensagem de que “o sol é um pau de dois bicos, faz bem à saúde, mas também pode fazer mal”, e é preciso prevenir o aparecimento de cancros de pele.
Segundo a médica, esta mensagem tem de ser continuamente repetida, porque, de uma maneira geral, os portugueses continuam a não ter cuidado.
“Ou os portugueses são surdos ou acham que só acontece ao vizinho do lado, e nunca lhes acontece a eles. Ainda há pouco um doente me dizia que vinha cá preocupado consigo próprio, mas que passava à hora de almoço na praia de Carcavelos e a praia estava cheia, incluindo crianças. Por isso penso que a mensagem tem de se continuar a transmitir para ultrapassar as barreiras”, afirmou.
Dois dos utentes que foram ao serviço do IPO são exemplo disso, pois, para ambos, esta foi a primeira vez que fizeram o rastreio e apenas porque apanharam sustos.
Paulo Camilo já teve um basiloma e, com o aparecimento de umas novas manchas, ficou preocupado e foi verificar se seriam sinais de risco.
“Surgiu um ponto no nariz, a ferida não cicatrizava e decidi ir ao médico. Foi assim que foi detetado [o basiloma]", explicou, acrescentando que as manchas que lhe surgiram agora na pele deixaram-no logo em alerta, mas “felizmente não são perigosas e vão desaparecer com o tempo”.
Quanto a cuidados de prevenção, admite que não os tinha, mas agora usa “creme protetor com fartura, especialmente no verão, mas no inverno também”.
Com Maria José Leitão foi ligeiramente diferente: o caso não se passou consigo, mas com o pai. No entanto foi suficiente para deixar toda a família em alerta.
“Era um sinal que o meu pai tinha, foi reencaminhado para o tirar cá, tirou-o e achámos que devíamos ver para prevenir. Eu vim hoje e os meus irmãos. Também vêm cá fazer um rastreio”, disse.
Maria José Leitão reconhece contudo que nem sempre teve cuidado com o sol, mas afirma já ter “há algum tempo”.
“Meto todos os dias protetor solar e tenho mais cuidado para não apanhar sol nas horas piores”.
O problema, como explica a médica Manuela Pecegueiro, é que “a pele tem memória e não se vai esquecer nunca do escaldão". "Mais tarde ou mais cedo, vai reclamar”.