Desigualdades entre as crianças acentuaram-se em muitos países ricos
Intitulado "Equidade para as crianças: Uma tabela classificativa das desigualdades de bem-estar das crianças nos países ricos", o relatório classifica 41 países, incluindo os da União Europeia e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE).
Em geral, o estudo conclui que os rendimentos das famílias que estão abaixo da média têm aumentado mais lentamente do que os que estão na metade superior, o que aumenta a desigualdade e acentua a pobreza entre as crianças do primeiro grupo.
Em numerosos países, "o fosso aumentou ainda mais entre as crianças mais desfavorecidas e os seus pares desde os anos 2000", pode ler-se no documento.
Em 19 dos países analisados, incluindo Portugal, Espanha, Grécia, e Itália, as crianças mais pobres dispõem de menos de metade dos rendimentos da criança média do seu país.
Um dos dados que mais se destaca é que dois dos países mais ricos do mundo, o Japão e os Estados Unidos, estão no terço inferior da classificação de desigualdade segundo o rendimento.
O relatório da UNICEF mede os níveis de desigualdade entre as crianças, não só em função dos rendimentos das famílias, mas também em função da educação, da saúde e do nível de satisfação que eles próprios manifestam.
Uma das conclusões é que "nenhum país conseguiu verdadeiramente reduzir a desigualdade no que diz respeito aos problemas de saúde sinalizados pelas crianças" (dores de cabeça, de costas, de barriga, insónia).
Em 25 dos países abrangidos as desigualdades agravaram-se mesmo, em particular na Irlanda, Malta, Polónia e Eslovénia.
Entre os adolescentes, "as disparidades entre sexos são generalizadas e persistentes" em questões de saúde, com as raparigas a manifestar mais problemas de saúde.
Em dez países, as disparidades de género aumentaram desde 2002, nomeadamente no Canadá, Estados Unidos da América, Reino Unido e Suécia. Estas diferenças tendem a manter-se na idade adulta.
Na educação, "muito poucos países conseguiram reduzir simultaneamente a taxa de sucesso escolar e o número de alunos com dificuldades na leitura".
Alguns países considerados exemplares, como a Finlândia e a Suécia, viram mesmo aumentar as desigualdades e baixar o desempenho escolar.
Em todos os países da OCDE, as crianças mais desfavorecidas têm um atraso equivalente a três anos de escolaridade na leitura em relação à média.
Quanto à "satisfação na vida", a desigualdade agravou-se em mais de metade dos países.
Mas também há boas notícias: as desigualdades nos níveis de atividade física e dos hábitos alimentares diminuíram na maioria dos países ricos.
A UNICEF reconhece em conclusão que o nível de rendimento e a situação familiar condiciona de forma relevante as oportunidades de êxito de uma criança.