Dia Mundial da Saúde 2016

Médico de Família desempenha um papel fulcral no combate à Diabetes

Na véspera do Dia Mundial da Saúde de 2016, este ano dedicado ao tema da Diabetes, o presidente da Ordem dos Médicos do Norte recorda o papel importante que o médico de família tem no campo da prevenção desta doença silenciosa.

"A prevalência de diabetes tem vindo a aumentar nas últimas décadas, em especial nos países de baixos e médios rendimentos", diz Miguel Guimarães que admite que os cortes nos gastos com alimentação, já retratados em vários estudos, "podem estar a contribuir para o crescimento desta doença em Portugal".

No entender do presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRNOM) "o médico de família, que tem um papel determinante na prevenção de doenças e identificação de comportamentos potenciadores de doenças, é uma figura chave para a identificação dos riscos de desenvolvimento da diabetes, promoção da sua prevenção, acompanhamento e tratamento, com referenciação atempada para um endocrinologista sempre que necessário". "É preciso criar condições para que os Cuidados de Saúde Primários possam fazer esta prevenção de forma mais adequada", assevera.

Numa altura em que Portugal continua a atravessar uma fase de contração no investimento público na área da Saúde, Miguel Guimarães reforça a ideia de que "a prevenção na área da diabetes é um excelente exemplo de como é possível poupar em Saúde".

O presidente da Ordem dos Médicos do Norte lembra que "segundo o último Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes em 2014, a prevalência estimada da Diabetes na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,7 milhões de indivíduos) foi de 13,1%, isto é, mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário tem Diabetes".

"Um dos principais problemas é que quase metade destas pessoas, cerca de 44%, ainda não tinha sido diagnosticada", salienta aquele responsável, alertando para os custos financeiros e na própria saúde que tal questão acarreta. "No espaço de uma década os encargos do SNS com as vendas em ambulatório de insulinas e antidiabéticos orais aumentaram de 63,9 milhões de euros por ano para os 222 milhões de euros em 2014", explica Miguel Guimarães.

No mesmo período, acrescenta, "os custos para os utentes aumentaram dos 3,4 para os 20,6 milhões de euros". "Os dados da ACSS apontam para que a Diabetes em Portugal em 2014 tenha representado um custo estimado entre 1300 a 1550 milhões de euros, ou seja, cerca de 0,9% do PIB português de 2014 e 8 a 10% da despesa em Saúde nesse ano", salienta Miguel Guimarães.

Mas o presidente do CRNOM vai mais longe e lembra que "a estes custos temos ainda de acrescentar outros como a perda de dias de trabalho por internamento hospitalar, os custos associados a complicações como a retinopatia, a nefropatia, a neuropatia, a doença vascular periférica e as amputações de membros, entre outras".

Recorde-se que as projeções mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que em 2030 a diabetes seja a 7.ª principal causa de morte no mundo inteiro, representando um crescimento de mais de 50% nos próximos dez anos. Isto numa altura em que se estima que 347 milhões de pessoas no mundo inteiro tenham diabetes e que, em 2012, cerca de 1,5 milhões de pessoas tenham morrido com complicações associadas à diabetes.

"Muitos destes custos, sociais e económicos, poderiam ser reduzidos de forma significativa com a deteção atempada dos riscos de diabetes e de comportamentos nocivos, melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas", salienta Miguel Guimarães.

Por isso, e na véspera do Dia Mundial da Saúde este ano dedicado à Diabetes, o presidente da Ordem dos Médicos do Norte acentua "a necessidade urgente de cada português ter o seu médico de família". Mas realça que é necessário que o clínico tenha tempo e condições para observar de forma eficaz os utentes. 

“É essencial reforçar a relação médico-doente. Não é possível continuar a manter tempos de consulta absurdamente curtos, com listas de 1900 utentes", assevera Miguel Guimarães.

O presidente do CRNOM espera, por isso, que o ministro da Saúde dê rapidamente passos no sentido de diminuir o número de utentes por médico de família. "De resto, o próprio ministro admitiu no II Congresso da Fundação para a Saúde que era importante ajustar o número de doentes padrão, que está atribuído em lista, àquilo que é a natureza desses mesmos doentes", acrescenta aquele responsável.

"Tal como a OMS afirma, a prevenção e tratamento precoce da diabetes, nomeadamente a de tipo 2, permite reduzir as consequências dramáticas desta doença silenciosa e poupar ao Estado e às famílias muitos milhões de euros", conclui Miguel Guimarães. Que remata com um desafio: "Do que estamos à espera para aumentar o combate a esta epidemia mundial?"

Fonte: 
SNORM - Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay