Perguntas e respostas

Semana da Incontinência Urinária - 21 a 25 de março de 2016

Atualizado: 
18/03/2016 - 10:59
Em vésperas de se assinalar mais uma Semana da Incontinência Urinária fique a saber a resposta a algumas das questões mais frequentes sobre este tema.

O que é a incontinência urinária?
A incontinência urinária (IU) é uma situação patológica que resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. É caraterizada por perdas urinárias involuntárias que se apresentam de forma muito diversificada, desde fugas muito ligeiras e ocasionais, a perdas mais graves e regulares.

As mulheres são as mais afetadas pela IU. Atualmente, 33% das mulheres e 16% dos homens, com mais de 40 anos têm sintomas de incontinência, segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia.

Quais são os fatores de risco?
Os fatores de risco podem ser intrínsecos, como é o caso da raça, da predisposição familiar ou de anormalidades anatómicas e neurológicas.  Podem ser fatores obstétricos e ginecológicos, de que são exemplo a gravidez, o parto e a paridade, os efeitos laterais da cirurgia pélvica (exemplo cancro da próstata) e radioterapia ou o Prolapso genital. Ou podem ser fatores promotores, como a Idade, as co-morbilidades, a obesidade, a obstipação, o tabaco, as atividades ocupacionais, a ITU, a menopausa ou a medicação.

Quais as causas?
As perdas de urina têm diferentes causas, que podem ser apenas um problema temporário ou um problema mais persistente.

Quais os números da IU em Portugal?

  • A incontinência urinária afeta 20% da população portuguesa com mais de 40 anos, o que significa que 1 em cada 5 portugueses acima dos 40 anos sofre de incontinência.
  • Estudos realizados na população portuguesa apontam para a existência de 600 mil incontinentes nos diferentes segmentos etários. Com o envelhecimento da população, a tendência será este número continuar a crescer.
  • Entre os 45 e os 65 anos a proporção de casos de incontinência urinária é de 3 mulheres para cada homem.
  • 50% das pessoas institucionalizadas sofrem de incontinência urinária.
  • Apenas 10% dos doentes recorrem ao médico por problemas de incontinência. Os restantes, recorrem à automedicação ou à autoproteção.
  • A taxa de cura da incontinência de esforço é de 90%.
  • A incontinência urinária está intimamente associada com o prolapso genital – 50% das mulheres (> 1 filhos). 

Problema de Saúde Pública com impacto socioeconómico
As perdas involuntárias de urina são extremamente comuns. No entanto, é um sintoma que define um problema de saúde pública, com um impacto social e económico considerável. Mesmo as mais pequenas perdas de urina têm implicações na qualidade de vida, atingindo o âmbito físico, social, sexual e psíquico, com repercuções a nível emocional. Segundo a International Continence Society (ICS), para além de ser um problema de saúde e de higiene, a perda de urina é uma situação com repercussões a nível social e pessoal.  Como se trata de um assunto que toca a intimidade da pessoa, a IU ainda é encarada como um tabu que condiciona a vida do doente a vários níveis: pessoal, familiar, social e laboral. Este problema pode conduzir a uma fuga do contacto social e ao isolamento, porque está sempre presente o medo e a vergonha de que os outros sintam o cheiro. Pode afetar também a relação conjugal, uma vez que a intimidade do casal é prejudicada.

Quais os tipos de IU?

Incontinência de esforço – Pequenas perdas de urina que acontecem quando o indivíduo se ri, tosse, espirra, faz exercício, se curva ou pega em algo pesado. Ocorre quando os músculos do pavimento pélvico estão enfraquecidos e existe uma pressão exercida sobre a bexiga. Nos homens este problema pode acontecer após prostatectomia radical (utilizado para tratamento do cancro da próstata). Como a próstata se encontra numa situação anatómica crítica (entre a bexiga e o esfíncter), a cirurgia pode danificar o esfíncter, provocando uma situação de incontinência de esforço. Mais prevalente em mulheres entre os 45 e 65 anos – decorre da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra. Em alturas de maior esforço, como tossir, saltar, correr, espirrar e levantar pesos, a pressão abdominal aumenta e o esfíncter (válvula responsável pela retenção da urina na bexiga) perde a força e deixa escapar a urina. 

Incontinência por urgência ou imperiosidade – ocorre repentinamente, acompanhada de uma vontade súbita e intensa de ir à casa de banho - ou seja, acompanhada de um desejo súbito de urinar. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência em urinar.

Este tipo de incontinência pode estar relacionado com o envelhecimento e o avanço da idade, mas também surge em idades mais jovens, associado a doenças neurológicas ou muitas vezes sem causas identificáveis. O quadro de imperiosidade (urgência) da incontinência urinária é uma situação dramática, na medida em que condiciona o dia-a-dia das pessoas. Há doentes que se mantêm sempre atentos ao local onde há uma casa de banho e outros que, devido à aflição, traçam um roteiro dos sanitários por onde vão passar. Incontinência mista – combinação da incontinência de esforço com a incontinência de urgência. Incontinência por extravasamento – as perdas de urina acontecem quando a bexiga suporta grandes volumes de urina e a pressão do líquido é tão grande que ultrapassa a resistência uretral

Incontinência funcional – causada por incapacidade do doente, em casos de demência ou lesão neurológica grave, como por exemplo Alzheimer ou Parkinson.

Enurese noturna – perdas de urina durante o sono. É frequente em crianças, mas podem ocorrer também em idade adulta. 

Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico da incontinência urinária tem início no historial clínico do doente, que descreve em que condições sofre de perdas de urina. Para que se possa optar pelo tratamento mais adequado tem de se fazer um diagnóstico assertivo dos mecanismos e circunstâncias que promovem a incontinência urinária. Após a definição dos sintomas, um exame físico dirigido com pequenas manobras que tentam mimetizar a perda de urina, confere um diagnóstico bastante preciso. Os exames complementares passam por uma ecografia, análises gerais ao sangue e à urina. Estes atos estão perfeitamente ao alcance do Médico de Família que, como em todos os grandes problemas de Saúde Pública, tem aqui um papel primordial. Para desencadear o tratamento da esmagadora maioria dos doentes não são necessários outros exames.  O Médico de Família pode, nesta fase, orientar para terapêutica oral e fisioterapia as situações de incontinência urinária de imperiosidade. Na incontinência de esforço a orientação pode ser feita para fisioterapia ou, nos casos mais graves, cirurgia.

Tratamento em 90% dos casos
Na última década foram feitas importantes descobertas nesta área. Existem, inclusivamente, formas de Incontinência Urinária que são tratadas com medicamentos ou técnicas de reabilitação, e a maioria das cirurgias quase não implicam internamento, sendo a vida normal retomada horas ou poucos dias depois. O tratamento cirúrgico desempenha um papel preponderante na incontinência urinária de esforço, tanto na mulher, como no homem. Para a incontinência urinária de esforço a cura é possível em cerca de 90% dos casos.  Na incontinência urinária por imperiosidade, o tratamento com fármacos orais (cuja ação estabiliza o músculo vesical – o detrusor - inibindo a sua contração involuntária) consegue melhorias sintomáticas na maioria dos doentes. Nos casos refratários à terapêutica oral ou que não a tolerem, pode recorrer-se à administração de fármacos diretamente na bexiga, um procedimento simples e com boa eficácia e segurança. As alterações comportamentais necessárias, principalmente na incontinência por imperiosidade, passam por um controlo da ingestão de líquidos, a exclusão de alimentos excitantes para a bexiga, como por exemplo a cafeína, a micção temporizada ou a micção diferida, consoante a gravidade da doença e a autonomia do doente.

Cirurgia para a incontinência de esforço
O tratamento cirúrgico mais utilizado na incontinência de esforço consiste na colocação de pequenas redes, de material sintético, sob a uretra. Estas são colocadas por via vaginal, através de uma incisão com cerca de um centímetro.

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Fonte: 
LPM Comunicação
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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