Campanha "24 horas 24 dias"

Figuras públicas passam 24 dias no aeroporto de Lisboa para ajudar crianças doentes

Projeto Amélia vai estar na Birmânia para transportar crianças com cancro ao hospital. Diogo Infante dá voz a esta campanha.

Há quase um ano, Fernando Pinho, programador cultural e encenador, natural de São João da Madeira, radicado em Londres desde 2007, apresentava ao mundo o Projeto Amélia, Organização Não Governamental (ONG) que batizou com o nome da filha, para oferecer voos a crianças com cancro, transportar equipas médicas a zonas atingidas por desastres, disponibilizar um avião capaz de aterrar em terra batida. Para divulgar o projeto, propôs-se, nessa altura, a viver 60 dias em 60 aeroportos – uma iniciativa radical que não cumpriu até ao fim, por determinação do médico e do corpo, que cedeu face ao esforço. Nesse ano, segundo o jornal Público, angariou cerca de 17 mil euros e ergueu uma estrutura capaz de organizar voos humanitários. Cerca de 75% dos apoiantes do projeto são portugueses.

A missão está em marcha e Fernando Pinho volta ao aeroporto de Lisboa com a campanha "24 horas 24 dias" em que 24 figuras públicas, uma por dia, se dispõem a chamar a atenção do próximo objetivo do Projeto Amélia e da World Child Cancer (WCC): ajudar 2700 crianças com cancro da Birmânia a chegar até ao único hospital que as pode tratar. A campanha começa a 30 de Março e termina a 23 de Abril e o objetivo é angariar 45 mil euros. Sofia Escobar, Fernando Alvim, Sofia Nicholson, José Fidalgo e Bibá Pitta são as figuras públicas que já aceitaram o desafio e que estarão no aeroporto de Lisboa. O ator Diogo Infante dá voz à campanha num vídeo com imagens que mostram a dura realidade de crianças e pais que não têm meios para aceder a cuidados médicos.

“Por razões económicas, estas crianças nunca são tratadas quando tudo o que precisam é quem lhes ofereça o transporte. Apenas 10% das crianças diagnosticadas conseguem chegar ao hospital. As restantes morrem sem nunca terem recebido tratamento”, revela Fernando Pinho. A ideia é oferecer transporte aéreo a crianças doentes que vivem a mais de quatro horas do hospital e transporte terrestre às que moram mais perto. “Temos crianças que precisam de viajar durante quatro dias. Com este projeto, a viagem demora 90 minutos e será gratuita”. Uma viagem de avião para uma criança e acompanhante até ao Hospital Pediátrico de Yangon custa cerca de 90 euros. “Quanto mais conseguirmos angariar, mais crianças serão beneficiadas”.

Fernando Pinho está no terreno, fala com famílias e médicos, percebe o que se passa. “Em 2015, ajudámos a WCC a transportar equipas médicas para a Birmânia, mas quando lá chegámos percebemos que não chega desenvolver a qualidade dos serviços do hospital, é preciso transportar crianças até ao hospital”, conta. E porquê a Birmânia? O Projeto Amélia depende exclusivamente de voluntários, a maioria é do sexo feminino com idades entre os 24 e os 45 anos, e os recursos são limitados. “Por isso, queremos estar onde a nossa ajuda tem um maior impacto”, responde. “A Birmânia é um país onde poucos dólares realmente salvam uma vida. Apercebi-me dessa realidade pessoalmente. Cheguei a pôr na mão de uma mãe 50 dólares para que ela pudesse trazer o filho mais novo para o hospital. Ambos os filhos têm cancro mas apenas um estava a ser tratado. O Projeto Amélia estará onde puder salvar vidas”, acrescenta. O WCC já lançou o apelo de ajudar em outros países, como Gana, Filipinas, Bangladesh, mas, por enquanto, os recursos disponíveis não lhe permitem aceitar.

O projeto começou com duas certezas na cabeça do encenador português: a vontade de ajudar e haver muitas pessoas a precisar de apoio. “Cada conquista tem sido saboreada como uma grande vitória – que é. Mas há duas que me merecem destaque: a notoriedade e a reputação do Projeto Amélia, traduzidas na cobertura mediática e na cooperação com uma instituição de referência como a WCC; e o facto de, ao fim de um ano, já termos montado uma estrutura capaz de operar voos humanitários”.

Fonte: 
Público Online
Nota: 
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