Mapa do cancro revela impacto da alimentação e da falta de rastreios
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A falta de rastreios em várias regiões do país tem consequências nos casos de cancro que são diagnosticados, nomeadamente a tempo de salvar os doentes. A conclusão parece óbvia, mas é visível no Registo Oncológico Nacional, um estudo anual que é apresentado esta quarta-feira num encontro que reúne mais de 150 especialistas nacionais e internacionais da área do cancro.
Os números agora conhecidos são antigos, datam de 2009, mas são os mais recentes a fazer o retrato da doença em Portugal, escreve a TSF.
A coordenadora do Registo Oncológico Nacional dá um exemplo concreto: o cancro do colo do útero, que na região Sul tem uma taxa de incidência muito mais elevada do que no resto do país e o triplo do que acontece nos Açores ou o dobro da região Centro.
Ana Miranda diz que a culpa, tudo indica, é do rastreio organizado que não existe para esta doença na região de Lisboa e Vale do Tejo. Ao todo, o cancro do colo do útero atinge 839 mulheres por ano em Portugal.
As falhas nos rastreios em várias zonas, nomeadamente na região de Lisboa, também se sentem noutros cancros como o cólon e o reto. Ana Miranda explica que esta falta afeta não só a incidência da doença, mas também o estado em que esta é detetada, afetando a possibilidade de sobrevivência.
Recorde-se que a falta de rastreios organizados ao cancro pelas autoridades de saúde é um problema crónico que nenhum governo tem conseguido resolver.
Cuidado com o que se come
O Registo Oncológico Nacional também permite perceber que os hábitos alimentares dos portugueses afetam os cancros que surgem mais ou menos no país e em cada região, com diferenças significativas.
A coordenadora do estudo dá o exemplo do grande aumento dos casos de cancro do cólon que possivelmente estará relacionado com o facto de nas últimas décadas os portugueses terem passado a comer mais hidratos de carbono, gorduras ou fast-food em detrimento das verduras ou do peixe e da típica dieta mediterrânica.
Os tumores malignos no cólon atingem atualmente perto de 5 mil portugueses por ano e a incidência é um pouco mais elevada a Norte, o que segundo a especialista estará relacionado com o que se come na região.
Os hábitos alimentares influenciam o surgimento de cancros como o cólon e reto e Ana Miranda sublinha que as taxas de incidência são mais altas nas grandes cidades e periferias ou mais baixas nas regiões litorais e agrícolas.
Próstata, mama e cólon são os cancros mais comuns
O Registo Oncológico Nacional que será hoje conhecido permite ainda perceber quais são os tumores mais frequentes em Portugal. Ana Miranda destaca o aumento, na última década, dos casos no cólon e a descida do pulmão.
Na ranking dos cancros mais comuns em Portugal, a mama com 6.027 novos doentes por ano lidera a lista, seguida da próstata com 5.433. O cancro dos brônquios e pulmão foi detetado em 2009 em 3.512 portugueses, sendo que 77% eram homens.
Noutros tipos de cancro que afetam de forma mais semelhante ambos os sexos, destaque para o cólon (4.951 casos), estômago (2.942) e o reto (2.481).
Na longa lista de cancros que é possível ter, destaque ainda para os tumores na bexiga, glândula tiroideia e linfoma não-Hodgkin que também aparecem no topo dos mais comuns em Portugal, com 1.000 a 2.000 novos casos por ano.