Ação hormonal da soja gera debate sobre o seu consumo
A ideia é que as isoflavonas seriam então reconhecidas pelo organismo como se fossem o estrogénio e desencadeariam a ação hormonal.
Segundo os médicos, porém, ainda não existe uma resposta definitiva sobre a relação entre o consumo de soja e a puberdade precoce devido à escassez de grandes estudos sobre o tema.
“Em meninas, essa relação é mais pesquisada. Já os efeitos em meninos são menos estudados, e as pesquisas foram feitas em animais, com resultados extrapolados para humanos. São inconclusivas”, diz Jane Oba, pediatra e médica gastroenterologista do hospital Albert Einstein, no Brasil.
Uma revisão de estudos publicada na revista Critical Reviews in Food Science and Nutrition afirma que a ingestão de fitoestrogénios (hormonas de origem vegetal) pode prejudicar o sistema endócrino, principalmente em bebés e crianças, mas há uma urgência de que novas pesquisas analisem a questão a fundo, escreve o Diário Digital.
Uma pesquisa publicada nos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, em 2005, encontrou relação entre o consumo de soja e o desenvolvimento precoce do tecido mamário numa menina de 4 anos.
A menina, porém, consumia cerca de 70 g de soja por dia, entre proteína de soja, bebidas à base de soja e soja tostada – o que equivaleria a 4,2 litros de sumo de soja. Essa quantidade fornecia-lhe cerca de 44,8 mg de fitoestrogénio por dia. Os pais foram aconselhados a reduzir a oferta de soja para uma vez por semana e o desenvolvimento da puberdade parou.
Ieda Verreschi, professora de endocrinologia da Unifesp e uma das autoras do estudo, explica que meninas entre 6 e 8 anos são muito sensíveis ao estrogénio, inclusive ao da soja.
Já os meninos são menos sensíveis. “Se eles consumirem muitos produtos à base se soja, terão fitoestrogénio em excesso, mas é muito pouco provável que essa quantidade traga problemas para quem é sadio”, diz.
Oba afirma ainda que alguns desses estudos realizados com meninos e animais mostraram também alterações na fertilidade.
“Mas ainda não é possível atribuir a infertilidade de um homem adulto ao consumo de soja, por exemplo”, diz.