Estudo revela

Um em cada dois homens admite ficar deprimido depois do Natal

Problemas financeiros, relacionamentos e pressão social na raiz do problema.

O Natal pode ser um período festivo e que tende a reunir as famílias mas de acordo com um estudo recente feito pela Samaritans, uma ONG britânica, metade dos homens admite sentir-se deprimido ou triste durante a época. A pressão social para que o feriado seja perfeito é uma das causas identificadas, juntamente com a sensação de isolamento, as dificuldades financeiras e os relacionamentos problemáticos.

Os especialistas sugerem que a solidão, a insegurança, a perda de entes queridos, as memórias de infância e a falta de convívios familiares agradáveis são os principais motivos que levam as pessoas a ficarem mais vulneráveis à época festiva. Neste contexto, os homens assumem um lugar de destaque por serem tendencialmente mais fechados e menos crentes nos benefícios terapêuticos.

Portugal é um país particularmente sensível a este problema social. É o segundo da Europa com maior taxa de depressão, logo a seguir a França, e, apesar da elevada prescrição e consumo de fármacos antidepressivos (em 2015, entre janeiro e agosto, foram compradas diariamente 75 mil embalagens de antidepressivos, estabilizadores de humor, tranquilizantes, hipnóticos e sedativos), a taxa de suicídios continua longe de estar controlada – o número de casos tem vindo a aumentar na região Centro e interior Norte e Odemira (Beja) é o concelho europeu com a taxa de ocorrências mais elevada.

Hélder Flor, médico especialista em Medicina Tradicional Chinesa (MTC), lamenta a perspetiva com que a depressão é enquadrada e a lógica linear de abordagem. “Para começar, as depressões são diferentes entre si. Na MTC, partimos sempre pelo diagnóstico, uma vez que a origem do distúrbio é tão importante como o tipo de depressão com que estamos a lidar. De acordo com os princípios milenares da MTC a depressão tem origem em estados de tristeza e stresse emocional que causam estagnação do Qi (chi), energia, no fígado, coração e pulmão, debilitando estes órgãos e desequilibrando-os o que culmina num bloqueio do fluxo de energia interna refletindo-se num mal estar generalizado”, comenta.

Acupuntura é caminho importante para o tratamento
A alternativa tem vindo a ser, cada vez mais, o recurso às terapêuticas tradicionais. De acordo com um estudo da Universidade de Hong Kong publicado no Journal of Alternative and Complementary Medicine, a electroacupuntura reduziu mais rápida e eficazmente os sintomas depressivos comparativamente com a administração de fluoxetina – o fármaco utilizado no Prozac. À segunda semana, os sintomas nas pessoas tratadas através da terapêutica alternativa registaram uma redução mais significativa, repetindo-se a tendência na quarta semana.

Os resultados fazem com que Hélder Flor não compreenda por que é que a Medicina Tradicional Chinesa não é vista como uma das primeiras opções de tratamento pelos pacientes, “quer pela ausência de efeitos negativos, quer pela rapidez do tratamento”. O caminho indicado para a solução passa pela combinação da “acupuntura com a fitoterapia (plantas medicinais), sendo que também se recorre a moxabustão ou a massagem Tui-Na nalgumas situações. "Em todo o caso, sempre sem qualquer efeito secundário e com resultados de que nos orgulhamos”, acrescenta.

O médico especialista em Medicina Tradicional Chinesa reconhece que “os níveis de stresse dos portugueses atingem o máximo por altura do natal, uma vez que as pessoas andam mais ansiosas e sentem uma maior pressão”. Mas o problema não se esgota com o feriado natalício, uma vez que se mantém até à passagem de ano e tende a agravar-se depois disso. “A pessoa sente que não consegue lugar mais contra a dor emocional”, continua.

Para o médico, o quadro poderia ser mais bem controlado se a pessoa se preocupasse com a prevenção: “O grande problema é que em vez disso, o típico português deixa a situação arrastar até estar tão em baixo que não vê qualquer esperança futura quando, na realidade, ela existe e pode ser bastante simples, inclusive nos casos mais graves.”

Fonte: 
Marta Pereira Comunicação
Nota: 
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