Anfetaminas: efeitos e dependência
As anfetaminas são substâncias obtidas artificialmente a partir do alcalóide de uma planta denominada Ephedra vulgaris, tendo capacidade de provocar um efeito estimulante do sistema nervoso central semelhante ao da cocaína, pois diminui o cansaço, o sono e o apetite e provoca uma sensação de bem-estar.
A ação destas substâncias varia consideravelmente, dependendo do indivíduo, do ambiente e das circunstâncias.
Podem referir-se, no entanto, os seus efeitos mais comuns:
Efeitos Imediatos
Sensação de euforia manifestada sob a forma de: excitação nervosa, insónia, loquacidade, aumento do grau de confiança e da auto-satisfação, agitação e, em algumas ocasiões, agressividade, falta de apetite, fadiga e hiperactividade.
Uma das ações próprias das anfetaminas é a sua capacidade de incrementar o nível de atenção e de concentração em determinadas tarefas, razão suficiente para o seu uso difundido nos meios estudantis.
A nível físico, a pessoa pode manifestar:
- Transpiração;
- Sede;
- Taquicardia;
- Aumento da tensão arterial;
- Náuseas;
- Má disposição;
- Dor de cabeça;
- Vertigens;
- Frequência de tiques exagerados e anormais da mandíbula ou movimentos estereotipados.
As sobredosagens aumentam a temperatura corporal e podem causar:
- Inquietação;
- Alucinações;
- Irritabilidade;
- Taquicardia;
- Náuseas e vómitos;
- Cãibras no abdómen;
- Insuficiência respiratória e cianose;
- Impotência e alterações na libido;
- Dificuldade de micção;
- Convulsões;
- Morte.
Efeitos a longo prazo e potencial de dependência:
- Quando são administradas por via oral com fins terapêuticos, por exemplo para emagrecer, é menor a probabilidade de ficar dependente;
- O abuso de anfetaminas por via oral e o seu consumo por via intravenosa produz efeitos similares aos da cocaína;
- Provoca graves depressões, uma alta tolerância e intensa dependência psicológica, o que desencadeia um forte desejo da substância e uma necessidade imperiosa de a consumir;
- A característica mais notável é o aparecimento do quadro denominado psicose tóxica anfetamínica, caracterizado por hiperexcitabilidade, tremores, sintomas delirantes e alucinatórios. Esta psicose tóxica pode, com frequência, ser confundida com a esquizofrenia.
É provável, que os sintomas de abstinência, próprios dos dependentes das anfetaminas, não obedeçam tanto à falta desta droga como ao esgotamento dos sistemas de neuro transmissão adrenérgico e dopaminérgico (Beneit et al., 1990). Trata-se de um quadro clínico caracterizado pela letargia, fadiga, insónia ou hipersónia e depressão. Vai desaparecendo em poucos dias, embora os seus efeitos residuais, como a irritabilidade, alterações do sono e inclusivamente as ideias suicidas, possam persistir durante meses.
Usos terapêuticos
Alguns derivados anfetamínicos continuam a ser utilizados como anorexígénios no tratamento da obesidade, embora o tempo da sua administração tenha que ser muito limitado devido ao rápido desenvolvimento da tolerância.
No âmbito da psiquiatria, utiliza-se no tratamento de perturbações com deficit de atenção da criança e como coadjuvante nalguns tipos de depressão.