Estudo

Investigações científicas pagas pelas farmacêuticas continuam a aumentar

O número de estudos científicos financiados nos Estados Unidos pelos grupos farmacêuticos aumentou 43% nos últimos dez anos, colocando em xeque a credibilidade destes estudos. As pesquisas financiadas pelo governo norte-americano diminuíram 27%.

As restrições orçamentais levaram à quebra na produção de investigação puramente universitária, de investimento público, explicam os autores de um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA).

O orçamento dos centros nacionais de saúde (NIH), a maior instituição governamental de investigação médica, era de 30,4 mil milhões de dólares em 2015, uma quebra de 14% em relação a 2005, escreve o Sapo.

"A queda no número de testes independentes preocupa-me, porque isso significa que temos menos dados de qualidade que não sejam influenciados por interesses privados", explica Stephan Ehrhardt, investigador da universidade Johns Hopkins e principal autor do estudo.

"Quando faço um teste clínico financiado pelo Governo para comparar dois tratamentos, parto do princípio que os dois tratamentos são equivalentes. Financeiramente, não faz a menor diferença que um dos dois seja o escolhido", afirmou.

"Mas se o teste for financiado por uma farmacêutica, a minha imparcialidade pode ser prejudicada pelo objetivo final da empresa, que já pagou milhões de dólares para desenvolver e testar este produto com o objetivo de comercializá-lo. Há muito em jogo", detalha Ehrhardt.

Tendo em vista as restrições orçamentais que pesam sobre os NIH, Ehrhardt estima que a tendência das investigações financiadas por interesses privados continue a aumentar nos próximos anos.

O estudo em causa mostra igualmente que as empresas privadas financiam seis vezes mais testes que as instituições públicas.

Fonte: 
Sapo
Nota: 
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