OMS defende

Programa de “envelhecimento saudável” e reforma nos sistemas de saúde

A Organização Mundial de Saúde defendeu, face ao aumento da população idosa no mundo, um novo programa de "envelhecimento saudável" com base numa transformação dos sistemas de saúde longe dos modelos atuais.

A ideia é defendida no Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e hoje divulgado, em que realça que é necessária uma saúde pública "abrangente" relacionada com o envelhecimento e que pode ser concretizada em todos os cenários, independentemente do nível de desenvolvimento económico de cada país.

Na conclusão do relatório, a OMS refere que a transformação dos sistemas de saúde terá de se realizar longe dos modelos curativos baseados na doença para uma prestação de cuidados integral e centrada nos adultos que ainda não são idosos.

A transformação, segundo o documento, obrigará a que o quadro de saúde pública para a ação construído sobre o conceito de envelhecimento saudável" exigirá o desenvolvimento, as vezes a partir do zero, de sistemas abrangentes de cuidados de longo prazo, bem como uma "resposta coordenada" de outros diversos setores.

"(O quadro) deve ser construído sobre uma mudança fundamental em nossa compreensão sobre o envelhecimento para outro que tenha em conta a diversidade das populações mais idosas e responda às desigualdades que muitas vezes estão subjacentes, exigindo ainda que se recorra a melhores formas de medir e monitorar a saúde e o funcionamento das populações mais velhas", lê-se no documento.

Embora exijam, "inevitavelmente", recursos, as ações podem ser um "bom investimento" no futuro da sociedade, proporcionando aos idosos a liberdade de viver vidas que as gerações anteriores podem nunca ter imaginado".

Comentando o relatório, Margaret Chan, diretora-geral da OMS, destacou que o envelhecimento da população está a "acelerar rapidamente" em todo o mundo, realçando que, pela primeira vez na história, a maioria das pessoas poderá esperar viver além dos 60 anos, o que trará consequências"profundas" na saúde e nos sistemas de saúde.

Para Chan, o relatório responde aos desafios ao recomendar mudanças igualmente profundas na maneira de formular políticas em saúde e prestar serviços de saúde às populações que estão envelhecendo.

"O relatório baseia suas recomendações na análise das mais recentes evidências a respeito do processo de envelhecimento, e observa que muitas perceções e suposições comuns sobre as pessoas mais velhas são baseadas em estereótipos ultrapassados.

"Como mostra a evidência, a perda de habilidade comummente associada ao envelhecimento está apenas vagamente relacionada com a idade cronológica das pessoas. Não existe um ‘idoso típico’", frisou.

Segundo Chan, embora a maior parte dos mais idosos apresente múltiplos problemas de saúde com o passar do tempo, a idade avançada "não implica dependência".

"Ao contrário do que se pensa, o envelhecimento tem muito menos influência nos gastos com atenção à saúde do que outros fatores, inclusive os altos custos das novas tecnologias médicas", acrescentou a diretora-geral da OMS.

A mensagem do relatório, prosseguiu, é "otimista", uma vez que, criadas novas políticas, o envelhecimento da população pode ser considerado uma "preciosa oportunidade" tanto para as pessoas como para as sociedades.

"Do princípio ao fim, o relatório usa exemplos de experiências de diferentes países para ilustrar como problemas específicos podem ser abordados através de soluções inovadoras. Os temas explorados variam desde estratégias para prestar atenção integral e centrada nas pessoas, às populações mais velhas, às políticas que permitam que os adultos maiores vivam com conforto e segurança e às maneiras de corrigir os problemas e injustiças inerentes aos sistemas atuais de atenção a longo prazo", defendeu.

Na opinião de Chan, o relatório "tem potencial" para transformar a forma como os formuladores de políticas e prestadores de serviço veem o envelhecimento da população.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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