"Há médicos dentistas a ganhar menos dinheiro do que uma empregada doméstica"
O congresso, organizado pela Southern European, North African Middle Eastern, Modern Dentistry and Implant Society (SENAME), uma organização que junta especialistas de vários países da orla mediterrânica, realiza-se num momento crítico para os médicos dentistas. Miguel Stanley, um dos organizadores, diz que existe nesta altura um problema de excesso de oferta em vários países. Em Portugal esse problema é particularmente sério; "temos sete faculdades a produzir 70 a 80 dentistas por ano. Portugal tem a maior densidade de dentistas da Europa".
O resultado é a emigração de um elevado número de dentistas ou, para muitos, permanecer no país e ganhar ordenados muito baixos, escreve a TSF. Miguel Stanley assegura que "há médicos dentistas a ganhar menos dinheiro do que uma empregada doméstica. Alguém com cinco anos de formação académica, isso é um facto".
Miguel Stanley diz que o ideal seria integrar a medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde, mas reconhece que isso traria custos que o país talvez não possa suportar. "Praticar medicina dentária de excelência custa muito dinheiro e não estou a ver como é que isso poderá alguma vez ser incluído no Serviço Nacional de saúde sem quebrar a coluna vertebral do mesmo".
O futuro da medicina dentária em Portugal e no mundo é o tema do congresso internacional que começa esta quinta-feira, no Estoril, e termina no próximo sábado.
São esperados cerca de 500 médicos e estudantes de 30 nacionalidades.